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 Vamos perscrutar um pouco mais, acerca de um ilustre marinhense que fomos encontrar numa vetusta pastelaria, mesmo no centro histórico da cidade.

Trata-se de uma figura genuinamente marinhense, um dos filhos do ilustre e saudoso Dr. Beltrão (odontologista, com consultório no Largo Ilídio de Carvalho), que tivemos a honra de conhecer, mal chegados à Marinha Grande, já lá vão mais de 46 anos! Foi a um dos filhos desse emérito marinhense, que viemos pedir (há tempos) um comentário para o nosso próximo livro; desde logo se mostrou disponível, adentro da carregada agenda cultural, que (ainda hoje) o Dr. Vítor Hugo A. T. Beltrão faz jus em participar, culturalmente; nesta terra onde vive e desenvolve/desenvolveu o seu múnus.


Bom dia, Dr. Vítor Hugo! Conheço o Sr., por ser um homem culto e multifacetado ligado à escrita, à história da cidade, aos seus ilustres, à rádio, aos media em geral, talvez por isso, encontrei-o sempre (desde a primeira hora) no lançamento dos meus livros. Recorda-se por acaso, qual deles lhe despertou algum interesse?

Muito obrigado pelas suas amáveis palavras, que, sem falsas modéstias, são imerecidas e fruto da sua amizade. 

Respondendo à sua pergunta: “Como não há rapazes maus” e cito o Padre Américo, também “não há livros maus”. Podemos não os compreender, mas procuro, sempre, respeitar o autor, pelo esforço, pela dedicação, pela investigação, pelo cuidado posto no livro. É por isso que nunca deixo um livro, sem o ter lido até ao último capítulo. Dos livros que já editou, adquiri 4 e, honestamente, li os 3 primeiros, com características diferentes entre si e o último ainda não tive possibilidade de o ler pelos motivos que teve a amabilidade de citar. “Um neurónio curioso” é um livro delicioso que devia ser distribuído por todos os pais e avós; facilitar-lhes-ia a maneira de ensinar e sobretudo a aprenderem, julgando que estão a brincar.

“Coragem da ancoragem”: na minha “ingenuidade” gostaria de ver este livro divulgado, com conferências de professores, pais e alunos, pois o tema fulcral é transição do quarto para o quinto ano de escolaridade. Os questionários no fim do livro são uma base de trabalho importantíssima. “Ao soprar da cana” – Entrelinhas – são um conjunto de artigos no semanário Marinhense e em que o autor aproveita para fazer a crítica possível sobre vários temas, sempre oportunos e didáticos.


Sei que foi um excelente aluno, sempre muito estudioso e dedicado. Conte-nos um pouco do seu percurso académico.

Mais uma vez gostaria de agradecer as suas palavras simpáticas e encomiásticas sobre o meu percurso académico, mas a verdade é que fui um aluno vulgar, com grandes dificuldades nas ciências e com algum jeito para as letras. Chamo-me Vítor Hugo, porque o meu pai gostava do autor francês e o meu irmão, Hernani, que é uma obra do mesmo autor que dominou uma época. Não é pois de estranhar que em nossa casa tivéssemos a obra do escritor e que tenha sido uma das leituras da minha infância. Naturalmente que não compreendia o estilo, o significado das obras e a importância do autor na literatura europeia.

Permita-me um parêntesis: Em 2001, a Câmara Municipal, por iniciativa julgo eu, da sua vereadora da cultura, iniciou um círculo de conferências – só houve uma conferência, subordinada ao tema “Os livros de que mais gosto”, ou “Os livros da minha vida”. 

O primeiro e único convidado foi o Prof. Doutor Carlos André, na altura Governador Civil do Distrito de Leiria e que muito apreciei. Curiosamente o início, das primeiras leituras, foram mais ou menos iguais às minhas, como vou citar: O professor é mais novo do que eu e por isso a diferença das leituras; eu comecei, ou até costumo dizer que aprendi a ler com “O Mosquito” revista de Banda Desenhada, uma das primeiras revistas de grande sucesso e o Professor foi com “O Diabrete” e “O Cavaleiro Andante”, revistas que apareceram posteriormente. Guardo religiosamente algumas das coleções, encadernadas.

Depois são os clássicos que tínhamos de ler e compreender. Seria interessante que a nossa Câmara organizasse conferências idênticas.
Voltemos ao meu percurso escolar: A 1ª classe foi feita em Picassinos onde a minha avó era Professora. A 2ª classe já foi feita na Marinha, onde foi o posto da PSP, em frente do Museu Joaquim Correia. Foi o Professor Curado que lecionava. As 3ª e 4ª classes foram no edifício da Junta de Freguesia e que na altura era a Creche Pereira Crespo e nas salas para a primária tive o Professor Esteves na 3ª classe e a D. Júlia Matias na 4ª classe. O 1º ano do liceu foi feito em Leiria e o 2º em Santarém, onde tinha família.
No ano seguinte inaugurou-se o Colégio Afonso Lopes Vieira e regressei para o 3º ano. A diretora era a Dra. Josefa Violante que marcou a minha geração. Entretanto, depois do 5º ano, tive que ir fazer o 6º e o 7º anos no liceu de Santarém para a admissão à Universidade, pois não havia no Liceu de Leiria o ensino destes anos.
Não sei bem porquê, mas a Dra. Josefa saiu da Marinha e jurou nunca mais voltar. Ainda se pensou fazer uma homenagem à mestra, via S. Pedro, sem passar pela Marinha. Gorou-se a iniciativa e senti um profundo desgosto.

A Dra. Josefa dava todas as disciplinas – Português, Francês, Inglês, História e quando necessário, Matemática, Geografia, etc., para colmatar o impedimento do professor da cadeira.

Fiz uma redação sobre o 1º de Dezembro de 1640. Na altura, a data era celebrada no Teatro Stephens com passagem de filmes de desenhos animados, contos e discursos. A Dra. Josefa gostou tanto da minha redação que me obrigou a lê-la no Teatro. Foi o meu primeiro discurso.

Em Santarém, no 7º ano tinha 16 em Filosofia e 14 em Latim, eram as cadeiras nucleares para o Direito e precisava de um 11 em Alemão para dispensar da escrita na admissão à Universidade.

Fui falar com o Professor de Alemão pedindo-lhe para me fazer um exame para 11, explicando-lhe a situação. Foi a primeira vez e penso que a última, que fui falar com um Professor. Deu-me um 10, sendo o único aluno do Liceu, naquele exame de Outubro.

Felizmente fiz o exame de aptidão e dispensei da oral. Como vê, não fui um estudante brilhante.



Como marinhense, recorda-se onde passou a sua meninice e como era a sua família nuclear?

Naturalmente que na Marinha e no verão em S. Pedro de Moel e em Setembro íamos para Almeirim para casa da irmã da minha mãe, para assistir à vindima e quando nos deixavam íamos pisar as uvas, cuja propriedade era do pai do meu tio casado com a irmã da minha avó. O meu pai também dava consultas em Almeirim e era muito conhecido. Eram umas semanas diferentes e muito agradáveis, pois tínhamos alguns amigos da nossa idade.

Voltemos à Marinha e a S. Pedro de Moel, que nada tinha a ver com a atual. Alugava-se uma casa para o mês de Julho e Agosto e tínhamos de levar tudo: roupas para as camas, e por vezes a própria louça, o petromax para a iluminação – só mais tarde é que foi instalada a eletricidade, nuns geradores que eram fechados à meia-noite. Já voltarei a falar destes geradores.

Lembro-me que uma vez fomos na galera do nosso vizinho – morávamos no edifício da atual ASURPI – de frente ao Sr. António Rodrigues dos Santos (Picotilho) para levar os precisos para a casa alugada.

Neste tempo havia casas na atual rua que desce do Hotel de S. Pedro e que eram alugadas pelos naturais. A rua perpendicular à casa de madeira do Dr. Bettencourt só foi construída mais tarde, e vai dar origem ao Bairro dos Lisboetas. O transporte oficial estava a cargo da camionagem do Sr. João Vilela. Durante a Grande Guerra, a falta de gasolina levou à utilização do gasogénio e diariamente havia várias camionetas, não deixando nenhum passageiro sem embarcar: sentados ou em pé, onde houvesse espaço livre, ia um passageiro. Foram tempos fantásticos.

A casa do meu pai era a casa da família: todos os primos de Leiria e Almeirim vinham passar as férias connosco pois o meu pai era o “chefe do clã”. Quando saíamos, sete ou mais matulões, diziam: Lá vêm os Beltrões. O meu pai tinha uma rede de voleibol e a respetiva bola e, no Verão, montava-se o campo com dois postes. Foi assim que aprendi a jogar e foi assim que surgiu a tradição do Volei em S. Pedro.

Como passávamos os dias? De manhã íamos para a praia. Dávamos passeios à beira-mar, às vezes íamos até a Água de Madeiros, depois tomava-se banho, depois de jogar voleibol ou futebol e apanhava-se sol para bronzear; depois de tarde íamos dar um passeio ao farol – ficava muito longe e comia-se do farnel que normalmente as jovens levavam; outras vezes íamos fazer a volta dos sete, mas sempre com o “arame farpado” a controlar.

O “arame farpado” era sempre a mãe duma das meninas ou uma tia. À noite às vezes íamos para o Casino, onde hoje está o café da praia, depois de ter sido destruído, onde se organizavam bailes e eram projetados filmes que um indivíduo trazia. Era uma vida muito calma… e os bailes tinham que terminar à meia-noite. Embora começassem mais cedo do que atualmente, à meia-noite ainda estava toda a gente a bailar. Só havia uma solução que era convencer o funcionário da “central” a prolongar a luz até às duas horas. Não sei o que faziam, mas dois ou três jovens iam falar e conseguiam a prolongar a festa; não sei se lhe davam dinheiro ou uma garrafa de água (tinta) ou uma bucha para aguentar até às duas. 

Eram outros tempos; só um exemplo: os homens não podiam andar na praia em tronco nu, tinham de vestir uma camisola e as senhoras o fato de banho era uma peça inteira. Outros tempos…


Conte-nos como foram a sua infância e juventude.

Pouco mais poderei acrescentar ao que acabei de dizer. O dia a dia da minha geração era calmo: jogava à bola – de borracha ou de trapos – nos recreios da escola, ou do colégio e no adro da Igreja; chegámos a jogar em Leiria ou na Marinha Grande contra grupos do liceu e em S. Pedro era habitual o jogo contra a rapaziada de Lisboa. Eu tinha algum jeito e jogava a médio.

Não posso esquecer um outro exercício dominical: “O Santo Sacrifício da saída da Missa” das nossas amigas, aproveitando um passeio até ao jardim: futuras namoradas e futuras esposas.

No Carnaval mascarávamo-nos e visitávamos as casas de alguns amigos – era o “assalto” – onde comíamos e dançávamos ao som dos discos particulares. Escusado será dizer que não havia televisão, e utilizávamos gira-discos. Estamos a falar dos finais dos anos 50 e 60. Outro divertimento era, aos Domingos, ir ao campo da Portela, assistir aos jogos do Marinhense e à noite havia cinema às quintas-feiras e aos Domingos, que não podia assistir sempre, pelos custos e pelos estudos.
No Carnaval também organizávamos bailes num sótão por cima da Padaria Mira, que limpávamos e decorávamos e onde não faltava o “arame farpado” duma mãe ou tia para controlar as festas.

Entretanto também julgo importante lembrar as peças de teatro organizadas pelo Colégio, de peças de autores clássicos, como Gil Vicente ou modernos com “sabor” aos autos. Houve até espetáculos organizados pela rapaziada, com críticas aos professores. Escusado será dizer, modéstia à parte, que fiz sempre parte das peças e das rábulas.
Para encerrar a pergunta, também dávamos voltas pelo jardim ou íamos para casa de algum amigo, jogar às cartas e por volta da meia-noite havia sempre um a lançar o desafio: “Vamos ao Ferreirinha (café Cristal) comer um bife, muito famoso”. Eu tinha sempre a desculpa de que se fazia tarde e tinha de regressar a penates. Escusado será dizer que o problema era a falta de dinheiro.


Quais os amigos ou mestres que o marcaram mais para, assim, chegar até aqui?

Pergunta fácil, mas de resposta impossível. Já fiz uma introspeção, já redigi várias folhas com nomes de amigos que me acompanharam, mas passado alguns momentos constatei a falta de outros. Por isso, vou referir alguns recentemente perdidos:

Fernando Pedro, perda muito difícil de colmatar; Telmo Neto, um “animal político” como não conheci outro; José Martins Saraiva, um enorme escritor poeta insubstituível; Fernando de Almeida, grande amigo com quem muito aprendi; Leonel Costa, que soube construir um império, e que a morte levou prematuramente; O meu patrão, Sr. Aníbal Abrantes, um líder por excelência e muitos outros; Ainda vivos, começarei pela equipa que está a investigar a “História da Indústria de Moldes em Portugal”, constituída por D. Maria Arminda Pereira, Luís Abreu e Sousa, Eduardo dos Santos Pedro, António Rato, da qual faço parte, todos os trabalhadores da indústria de moldes, não só da fábrica Aníbal Abrantes, pois desde o varredor aos encarregados, temos sempre possibilidade de aprender e com muito orgulho posso dizer que sempre me cumprimentam com muita satisfação, Henrique Neto, que foi o meu primeiro mestre na Indústria de Moldes, o Eng.º Joaquim Menezes, figura muito importante na Indústria de Moldes Nacional e Internacional.
O colega Angelino Rosendo Ritto, exemplo de verticalidade e honestidade, os amigos da manhã da pastelaria, Eduardo Torres Gomes e Octávio Ruivo e, aos Domingos, a Dra. Cecília Vicente que nos brinda com os seus conhecimentos políticos e económicos.

Muitos clientes de várias nacionalidades e grandes amigos, Bruno Silva, que me acompanhou na aventura de uma empresa comercial de moldes, Vítor Batista que passa despercebido, mas que tem sido fundamental na organização de festas, sejam dos Bombeiros, sejam de solidariedade, ou de passeios que espero continuar a organizar com a sua “sócia” Maria do Carmo, a Dra. Marina Domingues da ADESER, pela muita paciência para aturar um mau aluno dos computadores, Gabriel Roldão um grande investigador da História da Marinha, com obra feita, bem como a escritora Deolinda Bonita, incansável na divulgação da História e das figuras do nosso Concelho, Hermínio Nunes, que deu a conhecer os primórdios da História da Marinha Grande, obras indispensáveis para quem quiser ou puder continuar a revelar a História, não as Estórias da nossa terra, a D. Leonilde Martinho e todos os professores e alunos da Tertúlia de Ouro, pelo apoio e colaboração na divulgação da cultura portuguesa, o Guilherme Correia, ilustre pintor marinhense e querido amigo, uma palavra de agradecimento para a Joana Coelho, Maria Helena Conceição e Catarina Medina que graciosamente tem passado ao computador e à minha “pen”, depois de traduzirem os meus hieróglifos, as minhas aulas e outros trabalhos, à direção e sócios da Confraria da Sopa do Vidreiro, pela colaboração nas biografias dos homenageados, a dois grandes amigos Dr. Álvaro André e Gualter Morais, que a doença impediu de manter um convívio cultural, a minha amiga doutora Cristina Nobre, exemplo de cultura e de tenacidade contra a doença e a um grande amigo, o Doutor da Universidade de Coimbra e autor de vários livros de História de Portugal António Simões Rodrigues, que religiosamente me enviou as folhas das aulas da última cadeira – História da Cultura Portuguesa do prof. J. S. da Silva Dias e que por motivos militares, não pude assistir.
Finalmente à minha mulher que me atura há 52 anos, aos meus filhos, ao meu irmão e restante família do clã dos Beltrões, aos meus pais que me educaram e permitiram estudar fora da Marinha Grande e foram um exemplo de respeito, que os filhos seguiram.

Quanto aos mestres: já referi a Dra. Josefa no Colégio Afonso Lopes Vieira; no 7º ano, em Santarém, o professor de Literatura Portuguesa – não me recordo do nome – que me revelou, entre outros autores, Eça de Queiroz, que se emocionava com a leitura de algumas obras e o professor de Filosofia que me despertou para a cultura filosófica, disciplina onde obtive a melhor classificação de 16 valores; na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, curiosamente, só “a posteriori” me apercebi da importância do seu ensino, isto porque o curso era de 5 anos e fiz os dois primeiros e os dois últimos no serviço militar. Só o terceiro ano o pude fazer na Faculdade. Os Mestres de prestígio internacional, posso citar, a Doutora Maria Helena da Rocha Pereira, que dava a cultura grega – a Paideia -, o doutor J. S. da Silva Dias, a História da Cultura Portuguesa, o doutor Salvador Dias Arnaut, História de Portugal e da Expansão e Descobrimentos – uma nota: quando me atrevi a falar de Jaime Cortesão e das suas teorias levei uma “arrochada”, naturalmente verbal, pois só então descobri que o professor Damião Peres era a autoridade máxima, por ter sido o professor da cadeira na Faculdade!... Em Paleografia e Diplomática tive o padre Avelino de Jesus da Costa, autor dos álbuns desta matéria e uma autoridade; o doutor Torcato de Sousa Soares, ilustre medievalista que no entanto dava História da Cultura Romana mas que por motivos do seu doutoramento foi dada pelo seu assistente. Colaborei na sebenta da cadeira, no capítulo do direito romano e traduzi umas leis para português. Um outro professor, falecido em 1993, foi Sílvio Lima, proibido pelo regime ditatorial de Oliveira Salazar, de ensinar, sendo mesmo expulso da sua carreira académica na Universidade de Coimbra, em 1935. Em 2002 a Fundação Gulbenkian editou “A obra completa”, em dois grossos volumes. Para terminar, as minhas desculpas aos amigos que “certamente” involuntariamente não citei. É a idade!


Que factos relevantes o marcaram mais, na história social mais recente da Marinha Grande?

Naturalmente a “Revolução de 25 de Abril de 1974”, para o bem e para o mal. O povo não estava preparado para compreender o que era a liberdade e como viver em democracia. Criticava-se a ditadura salazarista e quase caíamos noutra. Porque é que as ditaduras não se preocupam com a educação, porque quanto mais atrasada estiver, mais fácil é de governar.

Felizmente que a Revolução foi feita por uma elite militar que entregou a governação a uma elite política. Mesmo assim assistimos a greves selvagens que destruíram empresas. Paulatinamente, o bom senso foi-se impondo e os ânimos acalmaram. Vivemos em Democracia e que a Ditadura jamais volte ao nosso País.


Conte-nos um dos seus episódios, que o marcaram mais, como cidadão atento à evolução política e social do País: um logo no início das conquistas de Abril de 74 e um outro que seja mais recente.

O que mais me marcou após a revolução foram as greves selvagens. Prejudicaram o bom nome das empresas e do País. Quando estudante também fiz greves e tomei parte em muitas reuniões de estudantes, para resolver problemas, por exemplo, a nomeação do novo reitor. Cedo me apercebi que não se pretendia resolver os problemas académicos, mas criar problemas políticos. Quando pretendemos oficializar o Solar Rapo-Taxo para Real República do Rapo-Taxo, o Conselho dos “Veteranorum”, indeferiu a nossa pretensão. Lá fui falar com o meu irmão, ao Conselho, para justificarem a decisão. Desconheciam que nós eramos do Rapo-Taxo pois só conheciam um dos colegas que era monárquico, e julgaram que a oficialização da República era mais uma de apoio ao regime. Conheci muitos dos políticos e militares que fizeram a revolução, mas como sempre nunca procurei nenhum para “cumprimentar”.


Como faz, hoje, no seu dia a dia, para conseguir uma gestão de uma apertada agenda cultural? 

Mais uma boa pergunta. Reconheço, por vezes, estar a abusar das minhas capacidades, pois são muitos trabalhos simultaneamente: preparar as aulas para a “Tertúlia de Ouro”, escrever artigos para a revista “O Molde”: a história de empresas com 25 e 50 anos, o falecimento de algum industrial da Indústria de Moldes de que fazemos a respetiva biografia de homenagem; todos os anos a “Confraria da Sopa do Vidreiro”, homenageia uma figura da indústria e tenho que fazer a respetiva biografia. Pedem-me para fazer a revisão de livros e comentá-los ou apresentar o autor. Regularmente apresentam-me teses, para rever os textos. E regularmente, tenho de parar para “carregar as baterias”. É bem certo de que quem corre por gosto não cansa.

Esquecia-me de mencionar que faço parte do grupo que prepara a História da Indústria de Moldes em Portugal e estamos a rever os Diários da República de 1920 a 2012. Folha a folha para confirmar a data da fundação das firmas.


O que pensa do ambiente cultural, social ou político da nossa terra?

Não gostaria de ser “O Velho do Restelo”, até porque agora temos uma “Casa da Cultura”, mas e talvez por isso mesmo gostaria de fazer uma introdução à minha resposta, para não ser mal interpretado. Comecemos pela vida académica: Quando o Solar Rapo-Taxo foi legalizado e passou a ser “Real República do Rapo-Taxo”, fui nomeado o primeiro Rapo-Mor. Não era o mais antigo mas talvez a causa fosse a tradição de representar a República nos “centenários” (aniversários) das outras e fazer um discurso de felicitação.
E quando tínhamos hóspedes importantes, como pintores nacionais e estrangeiros, alguns pernoitavam alguns dias, até fazerem uma exposição, pois com o dinheiro havia uma festa. Mas além de artistas tínhamos escritores nacionais e estrangeiros e outras figuras ilustres, como o Embaixador de Inglaterra em Lisboa, professores e o próprio Reitor de Coimbra. Havia sempre um discurso do Mor. O embaixador ficou tão satisfeito com a receção que, numa viagem a Moçambique, quando foi entrevistado pelos jornalistas, lembrou encomiasticamente o jantar e a serenata na Real República do Rapo-Taxo. Não se esqueceu de referir que também cantou e tocou canções da sua faculdade. Entretanto fiz duas cadeiras de Direito: História do Direito Romano, História do Direito Português e por sugestão dum colega que se tinha matriculado ao mesmo tempo que eu, matriculei-me em Letras no Curso de Ciências Históricas; dizia-me ele, e tinha razão: - em Direito estudamos e nunca sabemos se passamos, em Letras estudamos e passamos (nem sempre…).
Entretanto fui chamado para o cumprimento do serviço militar e pela minha boa classificação no Curso de Oficiais Milicianos, fui colocado no Regimento de Infantaria nº 12 em frente da entrada da Penitenciária de Coimbra, depois Regimento de Saúde e hoje não sei se foi desativado, a dois passos da minha República.

No serviço militar devido às minhas qualidades físicas, além de atirador especial, hoje acertaria em tudo menos na “mouche”, acabei treinador de voleibol das equipas de oficiais e sargentos. Nas competições militares ficávamos sempre em segundo lugar, pois o comandante do Regimento de Artilharia Antiaérea fixa que era um entusiasta dos desportos e recrutava todos os “craques” nacionais e o resultado era evidente. Também joguei na equipa da Associação Académica de Coimbra onde fui tudo: jogador, treinador das equipas masculinas e femininas e finalmente Presidente da dita secção.

Ganhávamos aos Bombeiros e outros clubes locais mas as aulas impediam o treinamento conveniente e lá se ia o campeonato. Na equipa de oficiais do RI12 fui treinador de outro Alferes do quadro, um dos Capitães de Abril, o Brigadeiro ou General Hugo dos Santos, já falecido. Fomos convocados para a equipa do exército, no primeiro campeonato que houve das Forças Armadas que, escusado será dizer, ganhámos. Para a equipa foi convocado também um cabo que fazia parte da equipa do RI12.
Podia ter mandado um cartão de Boas Festas ao camarada (militar) e amigo Hugo dos Santos, mas a minha timidez inibe-me deste tipo de atos, que podem ser mal interpretados.
E, no entanto, a casa de meu pai, na praia, esteve em “stand by”, para o General Comandante duma região militar, no verão quente, no caso de dar para o torto, mas que felizmente não foi necessário.

Futebol: também tinha jeito e, em Santarém estive federado a jogar pelo Operário na segunda divisão distrital, mas o tempo não era compatível para estudar e jogar.
Quando fui para Coimbra, nunca me passou pela cabeça ir treinar na Académica. Era suficiente o voleibol e o râguebi (rugby em inglês) que foi introduzido na altura por colegas que vieram de Lisboa. Ainda joguei alguns jogos, na posição de ¾, que são os que fogem com a bola (oval), para tentar pontos.
Entretanto passei “à peluda”, quer dizer, deixei o serviço militar. Tinha feito o 2º ano e fiz o 3º ano de História, pela primeira vez, todas as disciplinas, sem interrupção. Foi sol de pouca dura.

Estava-me a esquecer dum pormenor relativamente ao futebol. Havia um campeonato inter faculdades e a Faculdade de Letras tinha poucos homens com jeito. Acontecia que jogavam nas Letras colegas doutras faculdades. Foi assim que travei amizade com um jovem de Direito que gostava de jogar, mas não tinha lugar no team da sua faculdade e veio jogar nas Letras: seu nome, Mota Pinto, que mais tarde foi 1º Ministro e faleceu precocemente.

Entretanto eclodiu a guerra no Ultramar. Oficiais do quadro foram todos mobilizados e os milicianos foram substituir os seus lugares nos quartéis. Mais uma vez fui chamado, desta vez para Tomar (RI15). Apesar de muito trabalho, fui colocado na Companhia de Comando e Serviços, com todos os soldados e cabos que estavam no quartel- general e julgavam que eram generais, para entrarem mais tarde e saírem mais cedo. Pacientemente, reuni a Companhia e expliquei-lhes que também tinha sido mobilizado, mas que ordens são ordens. Portanto, se tinham que chegar tarde e pretendiam ou necessitavam de sair mais cedo, traziam uma justificação do oficial do quartel-general para eu autorizar. Não tive mais problemas, mas tive de mandar fazer um carimbo com a minha assinatura, porque não era capaz de assinar todas as licenças.

Depois pedi para ser colocado no Distrito de Recrutamento 7, de Leiria. Precisava de terminar o curso e ter um ordenado pois queria casar. Como o chefe do Distrito era o coronel mais antigo do Distrito, as atividades desportivas, a nível distrital, eram da nossa responsabilidade, pelo que me coube organizar vários campeonatos de voleibol e andebol das Forças Armadas no Comando Militar de Leiria.

Finalmente, terminei o serviço militar e fui bater à porta de eventuais patrões: 1º A Escola Industrial, mas tanto a História como a Ginástica estavam ocupadas; outros amigos diziam que não tinham possibilidade de pagar um ordenado compatível com os meus conhecimentos. Finalmente bati à porta da fábrica Aníbal H. Abrantes que me aceitou inicialmente para andar com os clientes, levá-los, trazê-los e fui colocado no departamento técnico, onde o Sr. Henrique Neto era o responsável. Foi com ele que aprendi os primórdios da Indústria de Moldes e terminei o curso. Dei explicações e aulas no Colégio aos cursos noturnos: 3º, 4º e 5º anos de História. Certamente que não foi por mérito do professor, mas as melhores classificações nos exames foram em História!

Poucas semanas após o início do trabalho, apareceu-me uma proposta com melhor ordenado. Agradeci mas expliquei que não podia aceitar pois não podia morder a mão de quem me dera trabalho. Ao longo da minha vida profissional fui convidado para trabalhar nos USA, o que sempre recusei. Curiosamente houve clientes que me pediam se me não importava que dessem o meu nome, pois estavam desempregados, como garantia dos seus conhecimentos profissionais e empresas pedindo-me para lhes indicar um profissional que os representasse em Portugal.

Julgo ter cumprido com lealdade e competência as funções que me foram conferidas, prestigiando a empresa e a indústria.

Devido ao número de operários na empresa Abrantes, houve necessidade de se criar uma Secção de Pessoal, e fui nomeado para o efeito. Orgulho-me de nunca ir ao tribunal por qualquer despedimento menos correto.

Particularmente quando visitava clientes nos Estados do interior americano, era habitual ser convidado para o “country club” para almoçar ou jantar e apresentado como o Doutor que tinha vindo de Portugal, era a “avis rara” que vinha da Europa.

Várias vezes dei comigo a almoçar no restaurante da empresa visitada, com o Estado Maior, e algum Presidente ou Diretor referia que Portugal tinha sido um país de navegadores. Era pretexto para dar uma lição das descobertas das correntes marítimas e eólicas, ainda hoje seguidas, e a navegação para sul do Equador, diferente da do Norte.
Dava-me prazer, mas tinha a noção que o respeito e consideração que era transmitido, era para a empresa e para o País.

A minha coroa de glória, vou-a contar, e perdoem-me a imodéstia. Em 1981 a Indústria de Moldes homenageou o Sr. Abrantes com uma exposição sobre a indústria, convidando todos os fabricantes de moldes e moldadores de plástico, os primeiros clientes, na maioria de Leiria e do Norte. Foram convidados todos os Embaixadores dos países para onde exportámos. Foi um sucesso e vai dar origem, mais tarde, ao 1º Congresso. Como a maior parte das pessoas da indústria, também tomei parte e orientei a sessão final dos discursos. Alguns meses depois recebemos da Embaixada Inglesa um convite para o “Dr. Vítor Hugo Beltrão” integrar uma missão ao Reino Unido para visitar as fábricas de máquinas ferramentas. Ainda telefonei, não tivesse havido um mal-entendido, mas foram peremptórios que o convite era personalizado, era mesmo para mim.
Lá fui para o Reino Unido com os “Generais” das mais importantes empresas metalúrgicas de Lisboa, Porto, Torres Vedras e Marinha Grande. Eram todos Presidentes e Diretores dessas empresas, pessoas muito importantes, menos o Zézinho, que era eu.

Após chegarmos, saímos pela porta dos VIP – éramos convidados da Embaixada e ainda era preciso o passaporte – fomos apresentados ao secretário da Associação dos Metalúrgicos e entrámos para uma carrinha Volkswagen e lá fomos diretamente para a primeira fábrica; no final da visita o secretário convidou um dos portugueses a falar sobre o que vira, em breves palavras. Voltámos para a nossa viatura onde estavam caixas com o nosso almoço: frango assado com batatas fritas. Trabalho é trabalho. Visitámos mais duas empresas com mesmo cerimonial: convite a “botar” faladura. À cautela ia ficando para trás “distraído” a ver uma máquina. Rumámos finalmente ao Hotel para jantar e dormir. No dia seguinte às oito horas estávamos na viatura e rumámos a mais fábricas. O almoço foi de novo o frango com batatas…

Não dissemos nada, mas a nossa reação não passou despercebida e quando foi perguntado se havia algum problema, tudo foi esclarecido. Na preparação da nossa visita, os almoços foram sempre na carrinha e da Embaixada teriam dito que os portugueses gostavam de frango grelhado… explicámos então que tinha sido bem informado, mas não para comer todos os dias. Nos dias seguintes a ementa foi diferente e no último dia em Londres, fomos visitar a Câmara dos Comuns, onde fomos atendidos pelo Deputado representante da Indústria e nos mostrou os interiores e a história da Câmara. Estivemos no anfiteatro onde são discutidas as propostas do governo e o orador durante o seu discurso coloca as mãos numa caixa retangular. É uma tradição centenária pois alguém um dia teria atirado qualquer objeto ao Presidente. Escusado será dizer que todos pusemos as mãos na caixa. Seguiu-se então o jantar e só me lembro de que a sopa era de ervilhas, pois quando comecei a comer, aparece-me o Secretário da Embaixada Inglesa, que tinha organizado a nossa visita, e me informou com a maior da descontração: “Você (eu) é que vai agradecer ao deputado!” Olhei para ele e ainda disse: “Está a brincar? Eu nem sei o nome do Senhor”. “Não é preciso, basta agradecer!”

Não me perguntem o que foi o jantar ou o que disse. Sei que estive naquele intervalo a preparar um discurso breve e que o representante da Embaixada, me veio felicitar. “Está a ver, eu bem sabia que não tinha dificuldades”. Foi este o motivo porque nunca fui convidado durante as visitas, a agradecer. Pensei para comigo, que a partir de agora, nunca mais me vou atrapalhar.

Várias vezes em representação da Associação Portuguesa de Radiodifusão, perguntava sempre se havia discursos. A resposta é que não havia, mas muitas das vezes fui convidado para a mesa e o primeiro a usar da palavra.

Esta introdução que mais parece um romance, vai ser encerrada, para responder diretamente à sua pergunta.

Funções que desempenhei:
- Presidente da Assembleia Geral da Associação Portuguesa da Radiodifusão; Presidente da Direção do Rádio Clube Marinhense durante 13 anos e depois da Assembleia-Geral; Presidente da 1ª Associação de Pais do Ciclo Preparatório e autor do regulamento; 1º Secretário da Cefamol – Centro de Fabricantes de Moldes e Vice-Presidente e Presidente da Direção; Autor de vários artigos técnicos e históricos para jornais e revistas nacionais e estrangeiras; Editor de vários livros de autores marinhenses prefaciados e apresentados; Orientei várias teses de mestrado; Fiz parte do júri do Exame Final de Licenciatura do Curso de Comunicação Social, no Pólo Universitário de Leiria, da Universidade Católica…
Vamos colocar um ponto final nesta longa mas breve biografia, de introdução à resposta sobre o ambiente cultural da nossa terra.

O concelho da Marinha Grande é “sui generis” e por isso mesmo tentar compreendê-lo e motivá-lo, é indispensável.

Temos finalmente uma Casa da Cultura e uma Resinagem, com sala(s) que permitem conferências. Sugerimos os seus aproveitamentos:
- Um ciclo de cinema, com técnicos explicando o significado do filme, do realizador e atores; Conferências sobre a História da Marinha Grande: a História do Vidro, a História da Indústria de Moldes, a História do Pinhal; A importância da fundação da Escola Industrial e do Colégio Afonso Lopes Vieira, no desenvolvimento cultural; A importância dos lugares e suas histórias no desenvolvimento social e fixação das populações; A história dos teatros das coletividades; O desporto, não só do futebol, mas voleibol, andebol, patinagem, basquetebol, natação, atletismo, luta, hipismo…; Conferência sobre os “Livros da minha vida”; Divulgação dos escritores marinhenses; Congresso das Coletividades; Visitas acompanhadas aos museus da nossa terra; História das personalidades que deram o nome às nossas ruas; Os conjuntos musicais; A importância e sua história das associações de solidariedade marinhense; As tertúlias de índole cultural e sua importância; Papel dos Rotários.

Para qualquer dos temas há marinhenses suficientemente competentes para os apresentar. A “prata” da casa é sempre mais barata mas, certamente, que mesmo personalidades de fora, não serão muito exigentes. Naturalmente que ciclos de teatro e cinema terão que ter preços compatíveis para não afastarem os interessados.
Agora, a explicação sobre o introito: Não me peçam para liderar este projeto, estou velho e cansado (risos) mas tenho a obrigação, se assim entenderem, de colaborar nas iniciativas.


Sei que o preocupa o rumo do mundo global. Como melhorá-lo?

Por vezes julgo não haver solução. Todos os dias assistimos a horrores de fanatismos políticos e o pior, religiosos. Os nossos políticos dizem: emigrem!... Mas para onde? Para a Lua, parece um pouco fria; para Marte, quando lá chegássemos, possivelmente estaríamos demasiado velhos, ou mortos. Uma solução – da minha ingenuidade – investirem os Países no ensino, na educação, nas escolas, nas Universidades e depois criando condições de trabalho, criando condições da vivência em Democracia.

Veja-se a nossa Indústria de Moldes: o segredo do sucesso está na mentalidade dos patrões e trabalhadores; investir no ensino e nos equipamentos “up to date” (modernos).
No dia em que todos os Países, todos os políticos (outra utopia) quiserem resolver a pobreza e acabar com a “escravatura”, o mundo seria melhor. Mas isso já não será no nosso tempo. Da iliteracia falaremos a seguir.


Dado que, nem só de pão vive o Homem, pensa que haveria hipóteses de termos uma ou mais publicações (mesmo só técnicas) para o público marinhense, que gosta (e não tem tempo!?) de ler? 

Estamos perante um grave problema não só regional, mas nacional: a iliteracia. A juventude não lê jornais: prefere o computador e a internet. Os mais idosos, ou compram os semanários ou vão à biblioteca fazer a leitura diária, ou alguns ainda compram um jornal diário de vez em quando.

No meu caso, já me considero uma “avis rara”, que compra um diário e ao Domingo outro mais, compro o “Jornal da Marinha Grande” e o “Jornal de Letras, Artes e Ideias”, além de revistas, como a “Nova Gente” e a “Holla”, para a minha mulher e filha, também têm direito a uma leitura mais personalizada. Na Marinha já foram feitas várias tentativas com outros jornais e mesmo grátis, mas não resultaram, apesar de terem artigos de índole cultural. O problema não é o tempo para a leitura. O problema é o gosto para a leitura e o mesmo jornal servir ou ser lido por muitos leitores. Por tudo isto não posso aconselhar novas publicações.


Que sugestões nos daria para activar, de forma mais concertada, a cultura na nossa terra? 

Julgo já ter sugerido a temática a ser utilizada, para ativar a cultura na nossa terra. As escolas têm grande responsabilidade e posso dar o exemplo da “Tertúlia de Ouro”, que apesar do quadro dos professores, convida colegas a virem falar sobre outras temáticas. São aulas sempre enriquecedoras. 


Finalmente, o que pensa desta minha iniciativa “prometida”, há tanto, mas (como sabe, melhor do que eu) são tantos os putativos e gongóricos entrevistados? 

Finalmente: só posso dar-lhe os parabéns pela iniciativa e que continue, para bem do nosso concelho, e pode sempre contar com a minha colaboração sempre que necessite. Espero que não se tenha assustado com a extensão das respostas e não o tenha defraudado. Obrigado.