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Assistimos, com gáudio, ao lançamento do livro de Fernando Eduardo Guerra Pina - «Afonso Ernesto de Barros» - Visconde da Marinha Grande: Uma vida, uma Obra», com Prefácio de Miguel de Barros Caetano e à memória de Fernando José da Fonseca Afonso de Barros, numa Edição da Santa Casa da Misericórdia – Obra da Figueira.

 

Num ambiente acolhedor (quase familiar) do auditório da Biblioteca Municipal da Marinha Grande, reviveu-se a figura do estrénuo 1º Visconde da Marinha Grande – Afonso Ernesto de Barros (13.03.1836-12.03.1927), cuja vida e obra se desenvolveram entre a Marinha Grande (onde viveu até aos 12 anos...) e a Figueira da Foz, onde veio a desenvolver actividades económica e social de grande relevo. Assim, constitui-se a mesa para o evento - iniciado pelas 15:30 e terminado pelas 17 horas; a mesa foi presidida pela D. Isabel Freitas (Presidente de Junta da Freguesia da Marinha Grande), ladeada pelo revisor e apresentador, que ficou a cargo do Dr. Vítor Hugo Beltrão; da mesma fez parte o Dr. Joaquim Manuel Barros de Sousa – Provedor da Santa Casa da Misericórdia da Figueira da Foz; pela parte familiar do avoengo 1º Visconde da Marinha Grande, encontrava-se a D. Leonor Afonso de Barros (Nô); ao autor da obra a apresentar – Fernando Eduardo Guerra Pina, com outras obras já publicadas: “Os «Pinas» - Uma Família Marinhense, 2010”; “Aniceto de Oliveira Guerra – A descendência de um Exposto da Roda do Hospital Real da Santa Casa Da Misericórdia de Lisboa – 2012” – explicou o significado e a importância deste livro, numa conspícua alocução.

Tomando a palavra, o Dr. Vítor Hugo Beltrão apresentou a mesa, aludindo ao facto da dificuldade que sentiu em rever o texto, por vezes, com caracteres mais diminutos, chegando a utilizar uma lupa; aludiu (ainda) que obra já foi lançada na Figueira da Foz. 

Tomando o seu discurso, o Dr. Joaquim Manuel Barros de Sousa, Provedor da Santa Casa da Misericórdia da Figueira da Foz, falou da putativa figura do Visconde da Marinha Grande, que (à altura) era um visconde, que não era burocrata..., cuja vida e obra chegou a ser perscrutada por um seu familiar, que foi seguida pelo autor deste livro – Sr. Fernando Eduardo Guerra Pina; a sua divulgação deve-se ao papel cultural consuetudinário da Santa Casa da M. da F. da Foz e não é para vender... Para se fazerem obras destas é necessário muito tempo, muita pesquisa, quase sempre sem apoios; referiu que sempre houve laços culturais entre a Figueira da Foz e Marinha Grande, em cujo cerne se encontra a figura do 1º Visconde da Marinha Grande, órfão de pai muito cedo! O Dr. Joaquim Manuel Barros de Sousa referiu (que no tempo dele), grande parte dos vidreiros daqui deslocaram-se para ir trabalhar na F. da Foz e muitos figueirenses vinham à Marinha Grande. “... eu próprio cheguei a fazer teatro na Marinha Grande no Stephens...” sic. Hoje, praticamente, nada ou quase nada existe de cultural entre as duas cidades...” sic. O Sr. Provedor informou de que o prefaciador da obra – Dr. Miguel de Barros Caetano -, não pôde estar presente, por se encontrar ausente no estrangeiro. Disse, ainda, o Sr. Provedor (há 15 anos provedor..., numa instituição iniciada pelo Visconde há 175 anos...) que chegou a manter alguns contactos culturais com a Marinha, no tempo do Sr. Álvaro Órfão...” sic.

A D. Maria Leonor Afonso de Barros “Nô” (familiar do avito Visconde da Marinha Grande), referiu que não pretendia acrescentar nada mais ao que foi dito acerca da obra: fruto de exaustiva investigação e preito a um avoengo marinhense, seu familiar, que apenas sabe que foi um “Grande Homem...” sic.

Retomando a palavra, o Dr. Vítor Hugo Beltrão corroborou nas suas desculpas por uma ou outra gralha que escapou à sua revisão de texto, como já dissera, chegando a referir (como exemplo) o que lhe aconteceu (há tempos) noutra revisão de um outro trabalho para mestrado, que reviu e que acabou por receber um elogio final... O Visconde e sua família viveram cá, mais ou menos no local onde é, hoje, a casa dos “Morais”; lançou o repto da necessidade de termos cada vez mais autores marinhenses a produzirem e lançarem cultura...

O autor Fernando Eduardo Guerra Pina começou por agradecer a presença dos convidados, corroborando a ausência do prefaciador, por estar no estrangeiro, agradecendo (em especial) ao Sr. Provedor da Santa Casa da Misericórdia da Figueira da Foz (presente) o apoio desenvolvido para o lançamento desta obra atinente ao 1º Visconde da Marinha Grande, que será muito importante e até histórico, para ambas as cidades; agradeceu o trabalho didascálico da revisão do texto ao Dr. Vítor Hugo Beltrão. Para a sua feitura, envidou uma primeira pesquisa na NET, desenvolvendo (assim) a sua hermenêutica, começando por saber, na altura, que houve um Visconde da Marinha Grande e, desta feita, incoou a perscrutar e a investigar... Falou, à altura, com o fautor “Fernando TéTé” – Fernando José da Fonseca Afonso de Barros, a quem dedica a pesquisa efectuada neste livro (para memória futura); referiu um evento de 2001, onde os «Barros» se reuniram na Figueira da Foz; referiu que o avô do Visconde – Manuel Afonso de Barros estava ligado ao pinhal marinhense e foi subindo na carreira até vir a ser director das matas; o pai do Visconde – João Manuel Afonso de Barros estava (por seu turno) ligado ao vidro, teve muitos filhos e morreu muito cedo... Foi, então, o avô do Visconde que se encarregou dos netos... “Diz-se até que o Visconde, ainda criança, seguiu o seu destino (a pé, ao longo do areal...) até rumar à Figueira da Foz...”; teve sorte, porque foi acarinhado por um casal de ingleses, que, à altura, exploravam o comércio (armazenistas!) do bacalhau na Figueira da Foz e lhe deram (eram uma espécie de pais adoptivos) trabalho, educação e estudos; quando morreram tinham apenas, como herdeiro, um sobrinho e desse, mais tarde, herdou o que viria a ser o futuro 1º Visconde da Marinha Grande... O Afonso Ernesto de Barros foi granjeando respeito, responsabilidades e acabou por casar com uma figueirense; desde logo se dedicou à causa social, criando a Misericórdia e o Hospital da Figueira da Foz (1884), mantendo contactos comerciais especiais com a Marinha Grande à qual forneceu muitos produtos do seu negócio. Mandou edificar e inaugurou-se, então, o Jardim-de-Infância João de Deus da F. da Foz (06/09/1914); D. Luís I fê-lo Comendador e, mais tarde, D. Carlos atribuiu-lhe o título de 1º Visconde da Marinha Grande (30.06.1897). Foi um verdadeiro republicano, democrata, mas que gostava muito que o epitetassem de Visconde... Vinha, frequentemente, à sua terra natal – Marinha Grande –, da qual ela tanto gostava. Casou duas vezes; da 2ª esposa não teve filhos, mas foi esta que ajudou a criar a prole do seu primeiro casamento...

O autor referiu-se a algumas figuras «Barros», que lhe marcaram a sua geração de marinhense, nomeadamente, o Afonso de Barros, ligado ao Sporting (Fernando Tété, a quem dedica a abra, ora apresentada) e o Francisco de Barros (falecido pai da Nô) ligado ao desporto – Atlético.