“Liberdade de Expressão e discurso de ódio: Consequências para o campo jornalístico” é como se intitula o livro da autoria do investigador marinhense Bruno Frutuoso Costa, que foi apresentado no passado sábado, 5 de março, no Edifício da Resinagem

 

Trinta e uma jornalistas dos principais meios de comunicação participaram num estudo pioneiro conduzido a partir da Universidade de Coimbra por um investigador marinhense, de 24 anos. O estudo resultou na publicação de um livro, pela Editora Media XXI, que foi agora apresentado na Marinha Grande.

O estudo visou investigar a natureza, a frequência e o impacto das violências presenciais e digitais que se dirigem às jornalistas portuguesas, mapeando experiências pessoais e profissionais, perceções e consequências para o campo jornalístico. “Todas as entrevistadas experienciaram alguma forma de agressão ou estiveram na presença de ambientes hostis”.

Segundo o autor, “se, por um lado, as plataformas digitais incorporam um papel de extrema importância no acesso à informação e a formas de comunicação e de expressão, por outro, permitem incorporar e desenvolver formas de proliferar condutas violentas. Sendo as vítimas maioritariamente mulheres, jovens adolescentes e minorias étnicas, perpetua-se um ciclo de violência sobre o universo feminino, que impede o alcance da justiça e da igualdade de género”.

De acordo com Bruno Frutuoso Costa, “as singularidades e os impactos perversos patenteados em estudos internacionais tornam premente privilegiar este ângulo de abordagem que urge conhecimento científico, principalmente por se tratar de uma temática emergente e pouco estudada em Portugal”, explicando que quando as jornalistas se encontram em climas de grande insegurança, coação e medo, surgem as consequências mais danosas para o exercício da atividade jornalística, tais como a autocensura e a indisponibilidade para determinados temas e secções jornalísticas. Apesar de residuais no panorama português, duas entrevistadas foram alvo de tentativas de homicídio e cinco de agressões físicas.

Na sessão de apresentação da obra, o presidente do Município, Aurélio Ferreira, evidenciou o mérito do autor por abordar um tema que evidencia as situações de desigualdade entre mulheres e homens, no contexto jornalístico, incentivando-o a prosseguir com a investigação em torno das temáticas da comunicação.

Foram ainda oradores na sessão do passado sábado, Inês Amaral, professora da Universidade de Coimbra, o editor Paulo Faustino, e a autora do blogue «A Vida de Saltos Altos», Paula Cosme Pinto.