Com os olhos postos no futuro, a Cartonarte tem vindo a apostar na diferenciação e nos recursos humanos como elementos chave do sucesso trilhado nestes 50 anos de atividade. César Santos, diretor geral, dá conta dos desafios com que se depara a empresa nos dias de hoje

 

Que balanço faz destes 50 anos de atividade da Cartonarte?

O sentimento é de missão cumprida e de gratidão para com toda a equipa e todos os restantes parceiros de negócio.

O nosso percurso caracteriza-se pelo rigor, pela integridade, discrição, pelo crescimento sustentado, pela visão inovadora e empreendedora, pelo compromisso com os nossos clientes, pelo crescimento individual e coletivo da nossa equipa/Família.  

A nossa ambição é continuar a potenciar o negócio dos nossos clientes, e sermos uma empresa diferenciadora, em que os princípios e as pessoas serão cada vez mais a chave do nosso sucesso.

Certamente que em 50 anos de atividade muito mudou na vossa forma de trabalhar. Quais foram as principais inovações?

Diria que o reforço da importância das pessoas, da sua motivação e satisfação, uma visão 100% direcionada para a satisfação do cliente, e para encontrar soluções para responder às suas necessidades.

O assumir cada vez mais da nossa responsabilidade social, com os nossos colaboradores e com a comunidade.

Por outro lado a automatização das linhas de produção, a aquisição de outras mais atualizadas, com melhorias muito significativas na ergonomia, na segurança no posto de trabalho, na produtividade.

Somos hoje uma empresa de referência no nosso setor a nível tecnológico e de segurança.

Numa era em que muito se fala da digitalização da indústria, estamos seguramente um passo à frente. Há mais de 12 anos que passámos a dispor de informação integrada de tudo o que se passa na fábrica em tempo real, sabendo a qualquer momento o que se passa com qualquer produção. Estas soluções informáticas dispõem também de potentes ferramentas estatísticas que nos permitem múltiplas análises em tempo real.

A nível tecnológico, passámos a dispor de flexografia de alta qualidade, soluções de colagem multiponto, embalagens específicas de e-comerce, sistemas de controlo de qualidade por visão artificial, entre tantas outras inovações.

Quem são os vossos principais clientes e qual a ‘fatia’ destinada à exportação?

Os nossos principais clientes são do setor alimentar, higiene e limpeza, bebidas, setor automóvel, plásticos e vidro. A nossa exportação direta é residual, visto que o peso do custo de transporte no preço final é muito elevado. No entanto, cerca de 50% das nossas embalagens são exportadas indiretamente, com os produtos que nelas vão embalados.

Com centena e meia de colaboradores, de que forma reagiu a Cartonarte à pandemia da COVID-19?

A Cartonarte reagiu muito rapidamente à pandemia, implementando logo em meados de março muitas medidas das quais destacamos: colocação de cerca de 20 pessoas em teletrabalho, separação de meia hora entre turnos, controle de temperatura, novos procedimentos de higienização de espaços e equipamentos, reformulação de zonas e postos de trabalho, ações de sensibilização, entrega de kits COVID às famílias Cartonarte.

Por outro lado, mesmo com excesso de colaboradores face às encomendas, de março a junho, manteve todos os seus colaboradores, incluindo os temporários.

Para os colaboradores que não foi possível proteger através de Teletrabalho, foi atribuído nos dois meses de estado de calamidade, 600 euros de prémio de risco por colaborador, por forma a reconhecer a forma corajosa como toda a equipa se manteve disponível neste período crítico.

Além disso a Cartonarte foi um participante muito ativo no projeto Marinha Grande Ajuda, que já ajudou mais de 20 instituições do concelho, que forneceu dezenas de computadores a alunos, e que lançou outros projetos como as Máscaras Solidárias das farmácias do concelho.

Que desafios se colocam nos dias de hoje à vossa empresa?

No âmbito do COVID, é difícil fazer previsões. Estamos a tentar trabalhar com os nossos clientes por forma a nos adaptarmos em conjunto, a esta nova realidade.

No restante, os desafios são continuar a procurar soluções diferenciadoras, que superem as expetativas dos nossos clientes, investindo cada vez mais nas pessoas e no reforço da nossa cultura empresarial.

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Cartonarte celebra 50 anos de “muito trabalho”

A Cartonarte assinalou na tarde do passado dia 3 de agosto, com a entrega simbólica de uma lembrança aos seus colaboradores, meio século de existência. Apesar da pandemia ainda houve tempo para ‘cantar os parabéns’ e até o bolo foi adaptado aos novos tempos

A 3 de agosto de 1970, quatro trabalhadores “agarravam” naquela que é hoje a Cartonarte. Dos fundadores apenas Augusto Blanco continua ligado à empresa, como sócio-gerente não executivo, apoiando o filho César Santos, que ocupa o lugar de diretor geral.

Ao JMG, Augusto Blanco recordou os “difíceis” momentos de arranque da Cartonarte, referindo com orgulho que apenas nos primeiros quatro meses de atividade perderam dinheiro. Daí para a frente foi sempre a crescer e a inovar.

Há 50 anos, e em vias de perder o trabalho, Augusto Blanco, juntamente com três colegas de outras áreas de negócio, uniram esforços, pediram dinheiro emprestado à família e compraram a empresa que é hoje a Cartonarte. “Começámos 4 sócios sem dinheiro e trabalhou-se muito. Eu trabalhava 12 horas por dia, na produção, orçamentos, gestão da empresa, era eu que fazia tudo”, explica Augusto Blanco, acrescentando que aos sócios cabia a contabilidade.

O fundador não escondeu o orgulho quer do percurso trilhado como pelo trabalho desenvolvido pelo filho na liderança da empresa. “Felizmente tem seguido as boas passadas que o pai lhe ensinou e que ele aprendeu”.

“Faço um balanço muito positivo destes 50 anos, em que fomos diversificando os nossos clientes e hoje trabalhamos para empresas de renome multinacionais”.

A Cartonarte trabalha a nível nacional com todos os ramos de atividade, da agricultura à pesca, com uma forte aposta ao longo dos anos quer na diferenciação como na inovação, para captar novos clientes. Augusto Blanco referiu que a pandemia causou uma quebra de cerca de 20% na produção e houve falta de encomendas. “Ultrapassámos isso, felizmente, e temos conseguido gerir a situação da melhor maneira”.

Quanto ao futuro, Augusto Blanco coloca o foco na evolução permanente e na procura de novos mercados. “Há 50 anos que fazemos isto e não vamos parar”, concluiu o empresário. “Lutei muito e sempre fui ambicioso. Sem trabalho nada se consegue”.

“Tenho muito orgulho desta empresa”

Leonete Santos, colaboradora da empresa há 48 anos, é neste momento a funcionária com mais anos de casa. Começou na produção e mais tarde evoluiu para o trabalho de escritório. Ao JMG fez um balanço “muito positivo” destes anos de trabalho na Cartonarte. “Tenho muito orgulho desta empresa, do percurso que tem sido feito. Há muito respeito, temos um ambiente familiar e muitas benesses”.

“Acompanhei as evoluções todas, incluindo a mudança de instalações, e tem sido um percurso sempre em crescendo. É uma empresa que está muito bem e espero que assim continue por muitos mais anos. Confio na atual gerência e em todos os colaboradores”.

Com 54 anos de descontos feitos para a Segurança Social, Leonete Santos está a ponderar reformar-se no próximo ano, embora garanta que “me sinto muito bem no ativo e a trabalhar”.