A TUMG – Transportes Urbanos da Marinha Grande acaba de avançar com uma nova linha até São Pedro de Moel. Para Fátima Cardoso, administradora da empresa municipal, que teve uma quebra na procura de 45% devido à pandemia, o novo percurso representa “o fechar de um ciclo” ao servir o concelho na sua totalidade

Qual a importância da criação desta 16.ª linha da TUMG?

Esta linha representa o fechar de um ciclo. Queríamos que os transportes urbanos servissem todo o Concelho da Marinha Grande e depois de termos ampliado o transporte urbano até à Freguesia da Moita, Freguesia de Vieira de Leiria e Praia da Vieira, esta era a ligação que faltava.

O objetivo inicial era que a linha funcionasse nos mesmos moldes que as restantes, mas surgiu o Covid-19, que nos trocou as voltas.

Ainda assim, apesar das adversidades provocadas pela pandemia e pelo facto de estarmos a operar numa conjuntura completamente atípica, não quisemos deixar de dar o nosso contributo para a dinamização turística das nossas praias e, com muito esforço e empenho, realizámos o investimento necessário que nos permitiu iniciar a linha branca 16, durante os fins de semana do mês de agosto, assim como reforçámos a oferta de horários da linha laranja 15 para a Praia da Vieira, também nos fins de semana do mês de agosto.

Temos consciência de que muitas famílias viram os seus rendimentos baixar de forma drástica, foram canceladas férias, deste modo estamos também a incentivar o turismo interno.

Objetivamente, quais os principais constrangimentos que a pandemia provocou na operação da empresa?

Os principais constrangimentos que a pandemia provocou na operação da empresa registaram-se de um modo genérico e transversal em todos os setores de atividade, e traduzem-se na grande diminuição da procura e na subsequente redução da receita.

Quais as medidas que foram tomadas para prevenir o contágio?

Imediatamente após a recomendação da Direção Geral da Saúde, elaborámos o nosso Plano de Contingência, tendo o mesmo sido divulgado no dia 9 de março de 2020. Desde então, temos vindo a adotar e a implementar todas as recomendações e orientações emanadas pela DGS, que têm sido reajustadas face à evolução da pandemia e das quais se destacam:

- Obrigatoriedade do uso de máscara facial (motoristas, passageiros e utentes dos serviços);

- Disponibilização de solução à base de álcool nas viaturas e instalações com atendimento ao público;

- Higienização das viaturas e das instalações com atendimento ao público;

- Lotação das viaturas reduzida a 2/3 da sua capacidade máxima;

- Apelo ao distanciamento social, à higienização das mãos e à etiqueta respiratória;

- Importa ainda referir que no período compreendido entre 16 de março a 7 de maio de 2020, os transportes foram gratuitos, uma vez que os títulos de transporte não eram validados a fim de evitar o contacto entre motoristas/passageiros e os equipamentos de bilhética.

Sentiram uma diminuição abrupta do uso dos transportes urbanos?

Sim, a pandemia impôs uma série de medidas de confinamento, de contenção e restrição, que, aliadas ao medo generalizado que as pessoas, legitimamente, sentiram deste novo vírus, provocaram uma redução substancial da procura dos transportes públicos. Se compararmos o 1.º semestre 2019 com o período homólogo de 2020, regista-se uma diminuição na ordem dos 45%.

Com o reinício das aulas presenciais, em setembro, acredita que a empresa voltará ao número de passageiros pré-pandemia?

Estou convencida que sim, até porque já todos nós percebemos que a pandemia não irá terminar tão cedo quanto seria expetável e a vida das pessoas não poderá permanecer em suspenso. Temos que aprender a viver com este vírus a longo prazo, uma vez que não existem ainda certezas de que iremos conseguir ter uma vacina nos próximos tempos.

Apesar da preservação da vida humana ser sempre o grande objetivo que deve nortear os governantes, facto é que o encerramento da atividade em diversos setores acabou por causar problemas económicos generalizados, com consequências sociais devastadoras.

No que se refere aos transportes urbanos, a TUMG está a trabalhar para que sejam garantidas todas as medidas e procedimentos de prevenção do contágio, de modo a preservar a segurança dos nossos passageiros, mas tudo dependerá da evolução da situação epidemiológica do país, sendo que os próximos meses são ainda de grande incerteza, estamos todos a aprender à medida que vivemos esta pandemia, nada está garantido.

Quais são os grandes desafios da TUMG para os próximos anos?

A TUMG tem como desígnio a melhoria contínua do serviço de transportes prestado à população, de forma responsável e sustentável, de modo a não comprometer a sua viabilidade económico-financeira.

A TUMG é uma empresa que presta um serviço público, não tem na sua génese a perspetiva do lucro, logo tem recursos limitados, pelo que não poderá fazer tudo de uma só vez. Temos essa consciência e é por isso que estamos a trabalhar por etapas. Até agora, foi nossa intenção alargar a cobertura da rede a todas as freguesias e locais do Concelho da Marinha Grande. Passámos, em 2010, de 40 km de rede para 260 Km em 2020. Ligámos todas as freguesias, Moita e Vieira de Leiria, chegámos à Praia da Vieira e a São Pedro de Moel. Fechámos um ciclo. Mas não nos ficámos apenas por alargar a rede, simultaneamente comprámos autocarros novos, reajustámos horários de acordo com os interesses da população, demos um forte impulso à mobilidade e à coesão social.

Para futuro, tendo em conta as atribuições da TUMG, teremos de, por um lado, manter o que fazemos bem e corrigir o que está menos bem, por outro lado, atuar a outros níveis, nomeadamente na disponibilização de transportes públicos mais sustentáveis (reduzir a pegada ecológica e carbónica), ajustados às necessidades do Concelho e da sua população e investir na melhoria da informação ao passageiro, em particular em processos de informação proactivos e em tempo real.

Para além disso, a TUMG pretende aprofundar a sua colaboração com a Câmara Municipal da Marinha Grande para implementar medidas que potenciem o uso do transporte coletivo, em detrimento do veículo particular. A mobilidade suave também será equacionada, estão a ser construídas várias ciclovias, pelo que será uma janela de oportunidade para criar as condições necessárias e incentivar a utilização da bicicleta.