Amândio Fernandes, presidente da Direção da Sociedade Instrutiva e Recreativa 1.º de Dezembro, fala, em entrevista ao JMG, da situação financeira, do impacto da pandemia e dos projetos em mente, na semana em que se completam 63 de existência da coletividade do Pero Neto



Se não fosse a pandemia, esta seria uma semana de festa para a SIR 1.º de Dezembro. Vai haver alguma iniciativa para assinalar o 63.º aniversário?

Não, não iremos fazer o nosso jantar de aniversário. É bem verdade, todo este stress desde fevereiro/março faz com que estejamos a milhas do nosso objetivo. Ainda pensámos em fazer algo simbólico como fizemos no 25 de Abril, mas depois de refletir em grupo decidimos que nada se faria, a não ser relembrar nas redes sociais e agora aqui também no Jornal da Marinha Grande, o que desde já agradecemos.

Faz 63 anos a SIR 1.º de Dezembro-Pero Neto neste ano da (des)graça de 2020.

Em boa hora decidiram as mulheres e homens do Pero Neto levar esta empreitada para a frente com enorme esforço das pessoas do lugar. Hoje pode ver-se o orgulho destas gentes e o efeito que tem nelas. Parabéns a quem começou, continuou e continua a ajudar a manter a Sociedade Instrutiva e Recreativa 1.º de Dezembro bem erguida e protegida com os seus haveres e fazeres.

Como tem vivido a coletividade nos últimos meses face à impossibilidade de realizar eventos que vos permitam angariar receita?

Bom, isso leva-me a pensar em decisões que antigas Direções assim como as recentes tomaram como empreitada, fazer empreendimento tendo em vista o futuro, como por exemplo fazer o sintético de jogos e manter a sua estabilidade; fazer o melhor salão do mundo, na nossa perspetiva; tornar moderna, funcional e irrepreensível em termos higiénicos a nossa cozinha; refazer o telhado que ainda era de telhas de fibrocimento (com amianto) e colocar tudo isto ao dispor da população geral e empresarial.

Dito isto, não sendo pouco, criaram-se as condições para que no dia a dia se possam fazer coisas, e, realizar o rendimento que torna possível ainda que com todo o constrangimento desta pandemia, e de forma a que não nos sintamos subjugados a qualquer poder económico ou político.

Muito grosso modo, a SIR 1.º Dezembro deixou neste ano económico de realizar, pelo menos, mais de 60.000 euros de caixa, visto que tínhamos já em março praticamente a agenda de alugueres do salão cheia para 2020, o que nos daria para começar novas empreitadas já previstas e como sempre tendo em vista o futuro.

Ainda quanto a receita faz todo o sentido mencionar o Sr. Ernesto Cunha e o Intermarché da Marinha Grande (Distrigrande) que, com o seu apoio, bastante nos tem ajudado. O nosso bem-haja.

Ainda a mencionar a ajuda prestimosa na justiça que o Dr. Rui Rodrigues nos tem obsequiado, para ele também o nosso obrigado.

Tudo o mencionado, mais as excursões/viagens por nós organizadas, os jantares e realizações diversas, fez e faz com que a SIR 1.º Dezembro tenha um pequeno pé-de-meia e uma mais-valia mensal que nos deixa um pouquinho menos stressados.

Neste momento, a coletividade consegue manter ativa alguma iniciativa? Como?

Neste momento, mantemos ativas algumas modalidades e parcerias, tais como a ginástica com Annabel Rosales; o Zumba; o aluguer do campo sintético, ainda que sem banhos; a parceria com o “Clube de Atletismo Mónica Rosa”; Aulas de dança com “Meu Estúdio”; e ainda o bar da coletividade.

Que balanço faz da parceria com o Clube de Atletismo Mónica Rosa?

Ainda bem que pergunta, porque rejubilo quando vejo crianças a saltar, a correr e pular dentro do salão ou no sintético, com o objetivo de se sentirem melhor e mais bem preparadas fisicamente para o futuro. É bom saber e conforta ver as crianças e jovens não ao sabor dos rigores de inverno, mas acalentados com o quentinho do nosso salão.

Ainda sobre a parceria com o Clube de Atletismo Mónica Rosa, realizámos este ano uma prova de atletismo, “1.º Corta Mato Pero Neto – Mónica Rosa” a 23 de fevereiro em que esteve incluída a prova Distrital de Corta Mato Longo, entre outras. Pondo de lado a modéstia, foi um sucesso com algum relevo, de tal forma que era para ter havido já outra prova de cariz distrital durante este inverno. Todo este evento se realizou no “Campo da Serradinha”, propriedade da coletividade e que dista poucas centenas de metros da sede.

Depois das obras de requalificação da cozinha e da substituição do telhado da sede, nos últimos dois anos, o que se segue?

Haverá sempre mais, alguma coisa já estaria feita, mas o bom senso ditou que aguardássemos por alguma estabilidade em termos pandémicos, mas refazer toda a parte do bar, assim como o exterior frontal da coletividade, ou pensar em colocar uma cobertura em todo o sintético são objetivos que embora projetados serão para uma próxima Direção.

Tendo em conta a pandemia e as alterações que veio introduzir no dia a dia de cada um, como perspetiva que seja o futuro das coletividades da Marinha Grande, em especial daquela a que preside?

Aqui no Pero Neto e na SIR 1.º de Dezembro há sempre alguma preocupação, mas atenuada pelo que sempre fazemos e iremos fazer. Não temos neste momento preocupações financeiras ou de outro qualquer teor, no entanto não quer isto dizer que estejamos ricos, longe disso, só que a forma como a SIR 1.º de Dezembro tem sido gerida ao longo dos tempos, nos coloca neste patamar.

Há, no entanto, algo importante a frisar, as muitas coletividades da Marinha Grande atravessam dificuldades diversas, que por intermédio da ACAMG, ou por forma própria tentam redimir com a Câmara Municipal da Marinha Grande, mas sem sucesso pelos vistos, isto tendo em conta o que ouvi por, pelo menos, duas vezes em reunião da associação das coletividades. O facto é que algumas, muitas, estão à beira da rutura e não se antevê preocupação notória de quem dirige a edilidade, este é o facto o resto é retórica sem realizações de ajuda a quem dela realmente necessita.

Li neste jornal há duas semanas atrás que a CMMG teria feito o favor de fornecer “apoios que têm sido dados às coletividades locais, na ordem do milhão de euros por ano” isto ainda que “com constrangimentos”.

Vou afirmar publicamente (porque podem subsistir dúvidas): a SIR 1.º de Dezembro-Pero Neto não recebeu qualquer cêntimo destes milhões de euros.

Espero eu pessoalmente e também em nome da SIR 1.º de Dezembro no Pero Neto, que tudo o que estamos a passar em termos de pandemia acabe o mais depressa possível, com vacina ou com novas formas de ver e lidar com o problema. Desejo e deseja a coletividade que ajudo a levar em frente, em nome de toda a Direção, que tudo acabe… o melhor possível.