Vieira de Leiria assinalou a 10 de julho o seu 35.º aniversário de elevação a vila. Em entrevista ao JMG, o presidente da Junta de Freguesia, Álvaro Cardoso, enaltece o “legado valiosíssimo” deixado pelos antepassados e reclama um vasto leque de melhorias com vista ao aumento da qualidade de vida dos seus fregueses

Vieira de Leiria acaba de assinalar 35 anos de elevação a Vila. O que representa este marco?

35 anos de elevação de Vieira de Leiria a Vila representa sobretudo uma grande responsabilidade no honrar e dar continuidade a um legado valiosíssimo, que nos foi deixado pelas gerações que nos antecederam, que tiveram no seu tempo visão estratégica, competência e determinação para criar desenvolvimento e progresso no seu território e criar melhores condições de vida para os seus concidadãos, ao nível económico, social, cultural e recreativo.

A par com um património natural de beleza e potencialidades ímpar (Mar, Rio, Pinhal e Campos Agrícolas férteis) que se tornaram os elementos fomentadores e determinantes no desenvolvimento económico e social da Vila.

O que falta ainda fazer na Freguesia da Vieira para que os seus fregueses tenham uma melhor qualidade de vida?

Há ainda um longo caminho a percorrer, considerando como algumas das prioridades: a conclusão do saneamento básico em toda a Freguesia; o reforço e renovação da rede de águas; a melhoria das acessibilidades e da mobilidade ao nível rodoviário, ciclável e pedonal; a construção de estruturas e equipamentos que potenciem a promoção do Turismo, dinamizando os recursos naturais e patrimoniais; a requalificação/reabilitação habitacional; a expansão da Zona Industrial como polo de atração de investimento e crescimento e desenvolvimento económico e social; a criação de zonas/locais de lazer, ajardinadas, arborizadas e equipadas com mobiliário e equipamentos urbanos; a promoção de atividades de caráter Cultural, Social, Recreativas e Educacionais; entre outras.

Em contexto de pandemia, como espera que seja a presente época balnear? A Praia da Vieira está preparada para receber turistas/visitantes?

Dentro dos constrangimentos causados por esta pandemia e da necessidade de todos adotarmos comportamentos responsáveis ao nível da proteção (nossa e dos outros) e da prevenção na propagação do COVID 19, até agora, em geral, tem-se vindo a constatar um atitude responsável, por parte dos nossos concidadãos e dos veraneantes, havendo exceções, naturalmente.

Tem-se vindo a registar uma afluência apreciável, a que não é alheio a beleza da nossa praia, a simpatia e hospitalidade das nossas gentes, a apreciável gastronomia, o excelente serviço de cafetaria, restauração, hotelaria, o parque aquático “Mariparque” e, finalmente, as excelentes condições atmosféricas que se têm vindo a registar.

Como pode a Junta de Freguesia apoiar a sua população – designadamente os pequenos empresários ligados às áreas do turismo e da restauração/comércio?

À Junta de Freguesia compete criar condições no âmbito das suas competências, em particular ao nível da limpeza urbana, manutenção e conservação dos espaços verdes e de lazer, tornando o território atrativo para que os veraneantes possam usufruir de umas merecidas e revigorantes férias em condições de Segurança e Salubridade, e que o tecido económico possa beneficiar da permanência destes turistas, potenciando o seu negócio, naquilo que são exímios como a qualidade dos produtos e simpatia e profissionalismo no serviço.

Está a decorrer a eleição das 7 Maravilhas da Cultura Popular que tinha entre os seus finalistas regionais a arte xávega, tão característica da Praia da Vieira. Que impacto teria para a Freguesia a eleição de mais esta Maravilha?

A arte de pescar é um dos genes hereditários das pessoas da beira-mar e a Arte Xávega está intrinsecamente ligada às Gentes da Praia da Vieira, que encontraram nesta arte uma forma de vida, “o seu ganha pão” e o sustento para si e para os seus familiares.

A prática desta arte secular é reveladora do temperamento destas Gentes, da sua bravura, coragem, perseverança e determinação, enfrentando a fúria do mar e os riscos eminentes em cada onda que rasgam, numa luta desigual, mas que pela sua sobrevivência e temperamento nunca desistem.

Este galardão viria reforçar o reconhecimento e promoção da cultura e arte de um Povo, numa luta incessante pela sobrevivência, com características e personalidade ímpares.

Seria também mais um estímulo e reforço no perpetuar de uma tradição que face à perseverança de alguns, vai passando de geração em geração, numa faixa litoral que se estende entre Vila do Conde e Sesimbra.