Entre as praias e o cinzento do Pinhal do Rei, quase dois anos passados a seguir ao incêndio, no início do mês de julho, o JMG fez o percurso na Estrada Atlântica entre São Pedro e a Praia da Vieira, e ouviu as opiniões de moradores e veraneantes.

“Não há palavras. Não tenho palavras.” Após vários segundos em silêncio, Rogério Fernandes, natural de Pedrógão Grande, a viver há 30 anos na Praia da Vieira, a vender peixe na lota, ficou sem reação quando questionado sobre o que aconteceu ao pinhal. “A situação realmente está diferente, este ano está muito fraco e o tempo não tem ajudado”, reforça Rogério Fernandes. Para Jaime Santos de 67 anos, da Praia da Vieira, “o que dá vida à praia é a pesca”, desabafou. Para o colega de profissão de Rogério Fernandes, sentado junto à lota do peixe “sem árvores, agora o nevoeiro vem mais baixo. O incêndio não veio influenciar o verão aqui na praia, a vida aqui continua igual. Nós não temos pinhal à frente, os moradores da Vila da Vieira é que ficaram pior, porque sem as árvores ficaram desabrigados, passam mais frio e a maresia queima as culturas” desabafou o homem.

“Tudo normal”, disse uma funcionária de um bar à entrada de São Pedro. A trabalhar no bar há dois anos, a jovem reconhece que o facto de o fogo não ter chegado perto da localidade foi sorte e não afetou a normalidade do verão. Já uma vendedora ambulante, à entrada da estrada, ainda cortada, que dá acesso à Ponte Nova, onde desagua Ribera de São Pedro, disse ao JMG que “as pessoas queixam-se, ficam tristes e voltam para trás, mas as margens da ribeira já estão a ser limpas. A vender há 23 anos naquele local, a senhora de meia-idade, que preferiu não se identificar, desabafou que “toda a gente tem saudade disto, mas a limpeza e recuperação da mata não se faz de um dia para outro, leva tempo, e a seguir ao grande incêndio veio a tempestade Leslie. Foram duas desgraças para o pinhal”, lamentou.  

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