Como habitualmente, passei o ano no convívio  da família e dos  amigos, gozando, mais uma vez, a magia de São Pedro de Moel. Ajudados pelo bom tempo, pelo mar calmo e por um céu sem nuvens de reflexos inesperados, posso  dizer que para nós 2014 foi um ano que terminou em beleza. À noite, com São Pedro cheio de marinhenses e de forasteiros em procura de diversão, veio a  oportunidade para festejar a entrada do Novo Ano e mesmo que o barulho da música possa, em alguns momentos, ter excedido as marcas para os ouvidos mais antigos, isso  não evitou que a festa tenha a sua justificação e tenha agradado a muitos. Afinal, sempre é o final de mais um ano e o início de outro e não é todos os dias que isso acontece.  


Menos bem esteve aquela malfadada obra de restauro da divisória que separa a nobre e sempre honrada Praceta Afonso Lopes Vieira e a praia, divisória  desfeita pelo mar e que agora mostra pedras esburacadas e barrotes ausentes, porventura indecisos entre as duas mais simples formas geométricas, a do círculo e a do quadrado. Outros espaços continuam ocupados por grades de plástico, muitos meses depois da desditosa maré.

Esta obra tem servido de risota generalizada dos habitantes e dos visitantes de São Pedro, que galhofam com aqueles a quem chamam engenheiros e que a espaços visitam a obra, cada vez mais embaraçados com a incapacidade de a terminar com honra e proveito. De facto, aquilo que poderia ser feito por um ou dois trabalhadores marinhenses em poucos dias, já leva meses sem fim à vista. Concordemos que é obra.

Mais a sério, penso que este é mais um exemplo da má gestão pública e resulta da incapacidade de sucessivos governos compreenderem e decidirem sobre um modelo coerente de descentralização política. Porque fazer uma obra como esta a partir de Lisboa, não lembraria a ninguém com um mínimo de bom senso e algum conhecimento do funcionamento das organizações. Há muitos anos que se fala de regionalização, de descentralização e de reforma do Estado, sem que alguma coisa seja feita nesse sentido, mostrando de forma clara que os dirigentes políticos nem têm o mínimo sentido onde pára o interesse nacional e sabem muito pouco acerca do funcionamento económico das organizações.

Também não se compreende facilmente que a autarquia tenha desleixado uma questão de tamanha simplicidade, mas que já provocou quedas e o desprestígio da gestão autárquica. Porque usar apenas a desculpa de que se trata de uma obra da responsabilidade de outras entidades, pode acautelar a assumpção de responsabilidades, mas não altera o essencial: a obra não está feita, deveria ser feita em dias, como aconteceu com as operações de limpeza, sabendo-se que o seu custo deveria ser mínimo. Ou seja, o ridículo mata e os seus custos são superiores aos da execução da obra.