Joaquim Lourenço, vice-presidente da Direção da Associação de Promoção Social Jardim dos Pequeninos, criada há 52 anos em Vieira de Leiria, dá conta, em entrevista ao JMG, dos principais desafios com que se debate a instituição, bem como dos projetos que conta realizar a curto/médio prazo

 

Qual é a principal razão de ser do Jardim dos Pequeninos?

O Jardim dos Pequeninos existe para apoiar as famílias no desenvolvimento integral das crianças. Na ausência da família o Jardim dos Pequeninos é um lugar onde as crianças crescem em segurança, num espaço familiar e acolhedor.

Que serviços presta a instituição?

O Jardim dos Pequeninos oferece as três respostas sociais: creche, pré-escolar e CATL. No desenvolvimento da sua atividade, o Jardim dos Pequeninos oferece aulas de música para as diferentes respostas sociais, atividade física, acompanhamento pedagógico, natação e ballet. Para facilitar a vida das famílias e tendo em conta o conforto das crianças, oferecemos o transporte das crianças dentro e fora da freguesia de Vieira de Leiria.

Que balanço faz do ano letivo que agora chega ao fim?

A Direção e toda a estrutura pedagógica consideram que o ano letivo correu muito bem. Não foram identificadas dificuldades ao nível da organização e gestão do nosso Plano Anual de Atividades. Salientamos o reforço das relações e diálogo com a tutela e com outros parceiros, nomeadamente com a Câmara Municipal da Marinha Grande.

Quais são as principais dificuldades com que se debate a Direção da Instituição?

A Direção da Associação de Promoção Social desenvolve a sua exigente atividade em regime de voluntariado, não tendo qualquer contrapartida financeira decorrente deste serviço. Nos tempos que correm, para desempenhar esta missão, depois da generosidade, são necessárias elevadas competências científicas, sociais e humanas. Na gestão diária sentimos o peso do aumento da inflação que está a piorar a situação financeira de muitas famílias, com acentuadas perdas de rendimento. Sentimos o que são as despesas com os salários dos trabalhadores e o aumento generalizado dos produtos e serviços, nomeadamente o aumento dos custos da eletricidade, da alimentação, do gás, dos fornecimentos e dos serviços externos.

Apesar dos muitos obstáculos, a Direção procura proteger as famílias das crianças, não promovendo o aumento das mensalidades e adotando estratégias de poupança interna. A Direção conta com um grupo de trabalhadoras de elevada qualidade, embora se verifiquem alguns sinais de desgaste físico: o trabalho nesta área é exigente e implica uma grande capacidade de superação e dedicação. Sendo a Direção um grupo de pessoas integradas no mercado de trabalho, a maior dificuldade é a falta de tempo para desempenhar esta missão sem correr riscos. A Direção pretende melhorar o desempenho da instituição, melhorar os serviços prestados, personalizar cada resposta social, melhorar e conservar as condições físicas dos equipamentos, melhorar a comunicação interna e externa, atualizar permanentemente as competências dos colaboradores, aumentar o volume de receitas para além dos apoios e incentivos institucionais, aumentar a rentabilidade de cada resposta, solidificar e promover relações de parceria consistentes e garantir a atualização e cumprimento dos requisitos legais e regulamentares, sacrifica a sua vida profissional e familiar a “troco de nada”.

Uma das grandes dificuldades deste modelo de Direção é a “falta de consciência social”, muitas pessoas acham que recebemos “compensação financeira” por este serviço. A Direção e todos os membros dos órgãos sociais da Associação de Promoção Social, ao oferecerem o seu tempo e o seu saber contribuem para a “tranquilidade económica” desta cinquentenária instituição.

A nossa intervenção caracteriza-se pela transparência, respeito pelos direitos dos outros, honestidade, confiabilidade, comunicação assertiva, capacidade para gerir conflitos, permanente atualização, olhar atento e motivação.

Que projetos/novidades tem o Jardim dos Pequeninos no curto/médio prazo?

Ao nível interno e enquanto gestores desta instituição que pertence ao terceiro setor, temos grandes desafios pela frente, sendo os mais relevantes, a sustentabilidade da própria instituição e a implementação de um sistema de avaliação de desempenho, com a especificidade e natureza que esta instituição exige. Seguidamente queremos aproximar-nos, cada vez mais, dos nossos parceiros locais, instituições e população em geral. Queremos contribuir para a criação de uma maior “consciência social”, as pessoas devem sentir que estas instituições existem para resolver problemas e “são de todos nós”. Pretendemos uma maior aproximação com os nossos fornecedores e prestadores de serviços, iremos promover um encontro anual para que se sintam mais envolvidos no nosso projeto. Teremos um Plano de Formação adaptado à nossa realidade, incentivando as nossas colaboradoras a procurar formação que lhes permita uma maior valorização pessoal e uma melhoria na sua intervenção com as crianças. Iremos promover momentos de reflexão com as famílias, aproveitando as sugestões de melhoria que nos possam dar.

Depois da conclusão das obras de aumento do parque de estacionamento e aumento da zona de lazer para as nossas crianças, iremos criar um espaço físico para reuniões, serviços administrativos e desenvolvimento de diversas atividades. Iremos pensar na requalificação do espaço de recreio, criando melhores condições para que as crianças, de todas as respostas sociais, brinquem mais ao ar livre. Em fevereiro chegará o nosso minibus que irá servir as nossas crianças e a população infantil local. Com o apoio da autarquia e a dedicação da nossa estrutura pedagógica, iremos ter mais recursos informáticos e didáticos para apoiar as nossas crianças na resolução das suas tarefas escolares. Queremos ser uma instituição de referência neste setor e responder com uma intervenção de excelência aos desafios que nos são colocados diariamente. Continuaremos a ter documentos estruturantes apreciados por quem nos tutela e um projeto educativo baseado no rigor, segurança e competência. O nosso maior desafio/projeto será continuar a merecer a confiança das famílias das crianças da nossa freguesia e das freguesias vizinhas.

Qual é o principal desafio que identifica nos dias de hoje no que se refere à educação das nossas crianças e jovens?

O principal desafio no que se refere à educação das nossas crianças e jovens é saber qual o papel da Família e da Escola na educação das crianças e jovens. Cada um deve conhecer claramente que terrenos deve pisar e devem agir num clima de confiança e respeito mútuo. Num tempo tão exigente para as famílias e para a escola, a criação de parcerias Escola/Família será determinante para a educação das crianças e jovens. Estas parcerias devem ter como bases a confiança e o respeito pelo papel e especificidade de cada um.

Como tem sido o envolvimento e colaboração dos pais e encarregados de educação?

Os pais lutam para manter os seus empregos, essenciais para a sobrevivência da família, sem descurar o acompanhamento dos seus filhos e o seu envolvimento na vida da instituição não é fácil. Sentimos um grande respeito pelo desenvolvimento da nossa atividade. Verificamos que os pais sentem vontade em participar cada vez mais na vida escolar dos seus filhos, contactando, com muita frequência, a nossa instituição.

Nos contactos mantidos com os pais tentamos passar a convicção que a educação das crianças e jovens é tarefa a ser assumida pelos pais e educadores. Nós queremos e promovemos a colaboração dos pais, sendo necessário que se construam relações frutuosas de cooperação para atingir um objetivo comum: o desenvolvimento integral das crianças e jovens. A nossa instituição tem um bom grupo de pais, quando são chamados e envolvidos nas atividades respondem afirmativamente.

E das forças vivas locais?

A direção procura ter uma excelente relação com todas as forças vivas locais, temos um grande respeito por todas e consideramos que todas são importantes para o desenvolvimento da nossa atividade. Sentimos um grande respeito e uma grande admiração por todas. Temos vindo a reforçar a nossa relação com todas as associações locais, com a autarquia e com a junta de freguesia, sentindo que valorizam o nosso trabalho.

Que contributo tem dado o Jardim dos Pequeninos à comunidade local?

Nós desempenhamos um papel fundamental na proteção social, criando um espaço seguro para que as famílias possam deixar as crianças e estas se desenvolvam integralmente. Estamos vigilantes e atentos a qualquer sinal de risco que possa afetar as nossas crianças e apresentamos soluções para diminuir ou excluir o risco. Além desta importância ao nível da proteção social, temos uma grande responsabilidade no dinamismo da economia local, facilitando emprego a mais de três dezenas de pessoas. No nosso Plano Anual de Atividades promovemos muitas atividades de relação com o meio local, contribuindo para a animação do centro da nossa vila. Respondemos afirmativamente aos apelos da comunidade local e estamos sempre disponíveis para os ouvir e para participar nas suas atividades. Sabemos que temos um papel muito importante na dinamização de atividades para a comunidade local e fazemos isso com muito gosto, fomentamos um grande respeito pelas raízes e tradições das famílias das nossas crianças. Frequentemente visitamos o centro da vila para que as crianças se sintam membros ativos da comunidade local.

 

Foto: Arquivo JMG