O ano de 2020 tem sido atípico devido à pandemia para praticamente todos os setores de atividade que, nos últimos meses, tiveram que se reinventar para se conseguirem manter. A área da restauração tem sido uma das mais afetadas, mas os empresários não baixam os braços


 

Natalina Santos, mais conhecida como Linita, é empresária do ramo da restauração há 39 anos e diz nunca ter vivido tempos como estes. “Nos últimos meses só temos tido prejuízos. Têm sido dias muito difíceis”, refere a responsável. O seu restaurante, Linitrutas, é conhecido pelo serviço de buffet ao almoço, com ampla variedade de pratos dos quais se destaca o famoso bacalhau com natas. No entanto, com a redução da capacidade para metade e a diminuição do número de clientes, alguns “por receio”, “tem-se estragado muita comida”.

“Hoje servimos 9 almoços, mas ontem foram só 5”, lamenta a empresária que diz não saber como vão ser os próximos tempos. Uma certeza tem, para já: as reservas que tinha para os habituais convívios de Natal de empresas foram todas canceladas, o que torna “mais difícil” cumprir com as obrigações. “Temos algumas dívidas a fornecedores e temos tentado gerir a situação, mas não sei como será quando o nosso cozinheiro, que tem estado de baixa, regressar. Não sei como lhe conseguirei pagar o ordenado se os clientes praticamente desapareceram”.

Ricardo Rodrigues, que assume com a mãe a gestão do negócio, refere que as vendas através de take away têm ajudado, sendo esta uma área que estão a tentar rentabilizar “ao máximo”. “Ao jantar e ao fim de semana só funcionamos com marcação mas temos sempre serviço de take away e alterámos a nossa folga para a segunda feira”, referiu o responsável, que diz estar à procura de alguns apoios junto do Estado, após ter recorrido ao lay-off no início da pandemia.

“Nunca esteve na nossa ideia fechar em definitivo. Queremos continuar a trabalhar e a servir bem os nossos clientes, mas não sabemos o que aí vem”, assume Linita.

Take away é aposta ganha

No centro tradicional da Marinha Grande, no restaurante Salsaparrilha, os últimos meses também trouxeram outros cuidados, com a disponibilização de álcool gel aos clientes, ainda antes do confinamento, com distanciamento entre as mesas, higienização das cadeiras e mesas a cada utilização e uma maior aposta no serviço de take away.

Filipe Marques, dono e chef do restaurante, recorda que as portas estiveram fechadas durante dois meses, sendo que, com a reabertura foram colocadas em prática todas as regras da Direção Geral da Saúde, que se mantêm em vigor.

“No início sentimos que as pessoas tinham bastante medo de ir ao restaurante e muitas delas nem sabiam como se comportar”, refere o empresário, sublinhando que durante os dois meses de encerramento se mantiveram as contas para pagar, nomeadamente com ordenados e fornecedores.

“Decidimos, desde que voltámos do confinamento, em fazer take away e nunca mais parámos para fazer face à perda de lugares no restaurante e ao facto de ter havido quebra”, explicou o chef Filipe Marques, segundo o qual “até agora está a correr bem e as pessoas têm aderido bem”.

Situado na Rua Marquês de Pombal, o Salsaparrilha criou alguns menus a pensar na modalidade de take away, que inclui desde as entradas ao prato principal, sem esquecer as sobremesas, e há também uma opção de marisco para dois.