Aurélio Ferreira deu uma entrevista à Marinha TV para fazer o balanço do primeiro ano de governação. O presidente da Câmara Municipal da Marinha Grande considerou ter sido “um ano muito intenso, muito gratificante e trabalhoso”, com balanço final “positivo”

 

Questionado sobre se conseguiu alcançar os objetivos traçados para o primeiro ano de funções, o autarca realçou que o projeto com que se candidatou tem um horizonte temporal de 4 anos. Referiu estar ainda “longe” de conseguir cumprir tudo aquilo a que se propôs, assumindo que se trata de “um desafio muitíssimo grande”.

Gostaria de “ter feito mais”, mas encontrou “uma organização com mais dificuldades” do que aquelas que esperava. Assumiu que houve assuntos que “não correram tão bem”, com informações que não existiam e faziam falta, criando “dificuldades acrescidas”.

Um ano depois, há ainda “muito por fazer” no que se refere à reorganização dos serviços, cujos objetivos não foram ainda alcançados e há divisões ainda sem chefias. “Estamos a fazer um trabalho doloroso” em matéria de recursos humanos, referiu o presidente, que recebeu nos últimos meses mais de duas centenas de colaboradores, por via da transferência de competências.

Aurélio Ferreira admitiu que, vindo do setor privado, encontrou no setor público “diferenças abismais” não nas pessoas, mas um conjunto de regras e de circunstâncias, dando como exemplo a contratação e a burocracia.

Considerou que a noção de prazos é muito mais alargada no setor público e que tem apostado na sensibilização e formação dos colaboradores, de forma a que os munícipes, que são os ‘clientes’ da câmara, se sintam atendidos e bem tratados.

Uma área sensível na autarquia continua a ser a secção de obras e licenciamentos, uma herança “muito pior do que eu imaginava”. Aurélio Ferreira tem hoje mais recursos humanos nesta área, mas ainda não conseguiu colocar o serviço a funcionar como desejado.

Perante o aumento das despesas correntes, nomeadamente com custos de eletricidade e gás, o presidente rejeita, para já, o aumento de taxas e tarifas, contornando as dificuldades com a redução do investimento, adiando obras que ainda não estão em condições de avançar por falta dos respetivos projetos.

Considerou que a relação com os três presidentes de Juntas de Freguesia tem sido boa, que tem estado “atento” às preocupações manifestadas pelos autarcas, entre as quais o PDM, que a breve prazo entrará em discussão pública.

Instado sobre os atrasos na atribuição dos apoios ao associativismo, e à falta de apoios às famílias no arranque do ano letivo, dois processos liderados pela sua vice-presidente, Aurélio Ferreira rejeitou que Ana Alves Monteiro tenha saído “fragilizada” destas situações, realçando que “deu sempre a cara” e “pediu desculpas”.

Quanto ao equilíbrio de forças no seio do executivo, com três eleitos do +MPM, dois da CDU e dois do PS, aos quais foram atribuídos pelouros, o presidente disse estar “muito satisfeito” com o trabalho realizado, não se mostrando preocupado com a eventual mudança de postura de António Fragoso e Ana Laura Baridó após a realização de eleições na concelhia do PS. “Desde 1993, quando o presidente Álvaro Órfão ganhou pela primeira vez a câmara, desde então, só uma vez é que houve maioria, foi em 1997”, acrescentando que, “também não é por isso que nós não iremos governar”.

Quanto ao orçamento camarário para o ano 2023, “não será ainda a mudança total”, apontando duas componentes fundamentais: haver dinheiro para as obras em curso e para as despesas correntes. Até ao final de 2022, espera concluir a adutora dos Picotes, os projetos de água na Amieira, Picassinos, Pedrulheira e Tojeira, a Rua do Sol, a requalificação do espaço público em Casal de Malta, a cobertura dos Blocos 1 a 8, em Casal de Malta, e o Largo da Passagem na Praia da Vieira.

A creche da Ivima, a residência de estudantes na antiga Albergaria Nobre, e a conclusão do saneamento são obras que deverão ficar concluídas até ao final do mandato.

Quanto à futura Piscina Municipal, realçou os elevados custos do gás que se pagam nas atuais piscinas, mas admitiu que é uma obra para fazer. Sobre as piscinas de São Pedro de Moel, deu conta que o proprietário já sabe o que lá pode construir, embora na faixa tutelada pela APA não se possa construir nada de novo, mas apenas reconstruir o que existe, estando impossibilitada a construção em altura. Na entrevista foi ainda abordada a relação com o ICNF, que gere o Pinhal do Rei.

Quanto ao futuro, Aurélio Ferreira garante que vai “continuar a trabalhar”. “Não somos perfeitos, mas fizemos também coisas boas”.