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- Escrito Por: Redação
- Na hora
- 19 maio 2022
Orlando Esperto completa este ano 26 anos de profissão. É tatuador, de sonhos e de memórias, e nunca pensou em desistir mesmo quando a pandemia de COVID-19 o obrigou a fechar as portas
Corria o ano de 1996 quando Orlando Esperto começou a dar os primeiros passos no ‘mundo’ das tatuagens. As primeiras tatuagens foram feitas em casa, na Rua da Fonte Velha, na Embra, não sem antes ir até à Alemanha à procura de referências e contactos. Na altura, em Portugal havia apenas dois ou três estúdios dedicados à tatuagem e Orlando rumou à Alemanha, a uma convenção com tatuadores de várias partes do mundo, para aprender uma arte que o fascinava, e fascina até hoje. Travou conhecimento com um tatuador inglês – Will – que vivia no Algarve e de quem procurou absorver o máximo de informação possível.
Nesse tempo, Orlando geria com a namorada, à data, uma roulotte de bifanas que costumava estacionar junto à discoteca Império Romano e era bem conhecida na região, mas aquilo que o apaixonava verdadeiramente era o desenho. “Sempre gostei muito de desenhar e investia o meu dinheiro em tudo o que era arte”. Dos desenhos às tatuagens foi ‘um pulo’ e Orlando não esquece a primeira experiência. “Tatuei uma estrela no meu tornozelo direito”. Ao nosso jornal, o tatuador lembra que tudo o que estava relacionado com o mundo das tatuagens era “muito dispendioso”. Só na viagem até à convenção alemã, mais o material que adquiriu para se poder dedicar a esta arte, custaram-lhe “cerca de 200 contos, o que já era muito dinheiro naquela altura”. Nos dias de hoje, cerca de 1000 euros.
Tatuador há 25 anos, que completou em setembro último, e com porta aberta ao público há 15, Orlando Esperto faz um balanço “ótimo” deste período. “Tenho uma vida fantástica! Faço o que quero e o que gosto, sou eu que faço a gestão do meu horário, chega para as minhas despesas, tenho a minha loja, a minha casa e a minha família, e o meu filho, de 4 anos, também já faz desenhos!” (risos)
Tão depressa não vai esquecer o impacto da pandemia no seu negócio e do qual ainda “estou a tentar recuperar, como toda a gente”, concluindo que o facto de ter estado impedido de trabalhar, devido à COVID-19, foi, sem dúvida, “o pior momento destes 25 anos de atividade”. A este respeito, agradece a “compreensão” e “total disponibilidade” do senhorio e da sua filha que lhe facilitaram o pagamento das rendas.
“Sou um homem realizado”
Nestes anos garante já ter efetuado “milhares” de tatuagens, de Caminha ao Algarve mas, por superstição, nunca tatuou nada na mulher, a artista plástica Sónia Santos. “Tatuei namoradas anteriores e correu mal… por isso é melhor não arriscar!” Já desenhou um pouco de tudo, desde trabalhos mais artísticos, homenagens a pais e a filhos, rostos, símbolos, de todas as cores, consoante os pedidos dos clientes, que vêm de vários pontos do país, e também do estrangeiro, para serem tatuados por Orlando Esperto. O antebraço é, por esta altura, a parte do corpo que mais pessoas escolhem para gravar as suas memórias e tributos.
Aos 48 anos, o tatuador marinhense sente-se um “homem realizado”, do ponto de vista profissional, com “muito orgulho” no trabalho feito, mas também a nível pessoal, pela família que construiu e pelo filho que todos os dias vê crescer, e que homenageou com uma tatuagem que fez na perna.
Para Orlando Esperto, os trabalhos mais difíceis são também “os mais desafiantes”, e assume ser perfecionista naquilo que faz. Não é por acaso que lhe chamam “relojoeiro”… Considera que qualquer altura é boa para fazer uma tatuagem, desde que sejam “cumpridos todos os cuidados com a pele, nomeadamente a hidratação e evitar a exposição solar”, tendo em conta que a pela leva, pelo menos, 6 meses a regenerar, diz.
Com os olhos postos no futuro, este empresário marinhense diz-se “preparado” para mais 25 anos a tatuar, procurando sempre “inovar” nos materiais e “aperfeiçoar” as técnicas. O “Orlando Esperto Saloon” está de portas abertas na Rua António Campos Júnior, no centro da cidade da Marinha Grande, nas imediações da Igreja Paroquial. Mais informações pelo contacto 96 012 65 83.