O Governo PS, no seguimento de iniciativas anteriores, realizou na passada semana uma grande acção de propaganda na região de Leiria que culminou com uma reunião do Conselho de Ministros na capital de distrito


São conhecidos os muitos problemas que atingem os trabalhadores e as populações dos 16 concelhos que integram este território, alguns dos quais reclamam solução há décadas. A acção entretanto desenvolvida pelo Governo, para além de meia dúzia de promessas sem dimensão estrutural e de uma ou outra inauguração, passou no fundamental ao lado da resposta que é preciso dar às aspirações e anseios da população.

Desde logo, a situação dos baixos salários que atinge a larga maioria dos trabalhadores, a precariedade e os níveis de exploração existentes foram tema ausente nesta iniciativa. Aliás, não deixa de ser significativo que, em cerca de 50 acções que o governo terá promovido, nem um contacto, nem um encontro, nem uma palavra sobre aquele que é o mais estrutural problema que atinge a região: os baixos salários. O PCP reafirma a urgência do aumento geral dos salários, para repor o poder de compra perdido, para atrair e fixar profissionais, para dinamizar o mercado interno do qual dependem as MPME, para uma mais justa distribuição da riqueza, para garantir melhores pensões e o futuro da Segurança Social.

O Governo visitou escolas, hospitais e outros serviços públicos. Mas destas visitas não retirou a conclusão que se impõe: a valorização dos seus profissionais é o caminho para a valorização dos serviços públicos. O caso mais evidente é o da falta de médicos e enfermeiros na região, com dezenas de milhar de utentes sem médicos de família, a que se somam a falta de especialistas nos vários hospitais com o consequente adiamento de consultas, exames ou cirurgias. O mesmo em relação à escola pública, com a falta de professores a marcar o arranque do ano lectivo no distrito. O PCP reafirma a necessidade de investir nos serviços públicos, com a valorização dos salários e carreiras destes trabalhadores.

O Governo falou de investimento público e das verbas do PRR, particularmente das que se destinam aos grupos económicos. Mas passou olimpicamente ao lado dos grandes investimentos que há muito são reclamados no distrito de Leiria.

Desde logo, a construção do novo Hospital do Oeste. Quando alguns procuram centrar a discussão na localização escolhida para este equipamento, o PCP relembra que já se perderam 20 anos e até hoje nada, e alerta também para a intenção assumida de fazer mais um negócio com os grupos privados de saúde, ou seja, mais uma Parceria Público Privada para o futuro hospital. É caso para dizer, basta de conversa, construa-se o novo Hospital do Oeste, assegurando a sua dimensão pública ao serviço das populações.

O Governo trouxe na agenda a “mobilidade sustentável”. Fez anúncios e deixou promessas num distrito onde o próprio reconhece mais de 80% das pessoas está condenada ao uso do transporte individual para as suas deslocações. Mas o que é espantoso é o facto de ter passado ao lado da modernização da Linha do Oeste, cujas obras estão a arrastar-se há anos e apenas estão previstas até às Caldas da Rainha. Quando se exigia, como exige o PCP, a modernização da linha do Oeste na sua totalidade, assumindo-se como o principal eixo de mobilidade na região, com o papel estruturante que o transporte ferroviário tem no plano económico e ambiental, o governo fica-se pelo reforço do serviço rodoviário entre Leiria e a Marinha Grande. No que diz respeito aos investimentos na rodovia, destaca-se a ausência de qualquer intenção de requalificação do IC8.

O Governo falou de floresta, e até anunciou a criação de uma nova brigada de sapadores florestais. Mas como é que se pode aceitar que, seis anos passados sobre os grandes incêndios que atingiram de forma trágica o distrito, não se tenha feito um balanço entre as promessas feitas na altura e as medidas concretizadas. Na verdade, esse balanço não foi feito porque muito do que foi prometido está ainda por fazer. É o caso da Mata Nacional de Leiria e do Pinhal Interior Norte e o necessário investimento que deveria ter sido feito e que continua a marcar passo.

O Governo falou ainda de empresas, da indústria e da agricultura e distribuiu promessas. Mas passou ao lado de problemas sérios com que se encontra confrontada a indústria dos moldes, apesar dos sucessivos alertas do sector e também do PCP. No caso da agricultura desconhecem-se quais as medidas em curso para apoiar os produtores de Pera Rocha, ou as produções agrícolas atingidas por animais selvagens com sérios prejuízos que ameaçam a sua sustentabilidade. E as pescas nem sequer fizeram parte da agenda da comitiva.

Face a esta grande operação de propaganda e à política do Governo PS, perante os objectivos de regresso ao passado do PSD, CDS Chega e IL, o PCP reafirma a necessidade de outra política para a região e para o País. É preciso dizer: basta de conversa! É preciso passar das palavras aos actos na valorização dos salários e das pensões, no reforço do investimento público e melhoria dos serviços públicos, na dinamização da produção nacional (substituindo importações), na defesa do mundo rural e na protecção do ambiente.

Mais do que esta ou aquela medida de propaganda como aquela a que se assistiu na semana passada, aquilo que será determinante para o futuro do distrito de Leiria é a luta dos trabalhadores e das populações. Uma luta que continuará a fazer o seu caminho, por um distrito e um País com futuro e contará com a solidariedade e o empenho do PCP.

A DORLEI do PCP

27 de setembro de 2023