A Associação Humanitária de Bombeiros Voluntários da Marinha Grande assinala este fim de semana, dias 26 e 27 de outubro, o seu 125.º aniversário. O JMG falou com Carlos Carvalho, presidente da Direção, para saber como está a correr o seu mandato

 

Como é presidir à Direção de uma instituição como a Associação Humanitária de Bombeiros Voluntários da Marinha Grande, com 125 anos de história e um papel tão importante no apoio à comunidade local?

Exatamente, são essas duas coisas, o peso da idade da instituição e a importância que os bombeiros têm para qualquer localidade em Portugal e por esse mundo fora.

A gestão dos bombeiros é gerida por duas estruturas: a Associação Humanitária, que tem como objetivo manter financeiramente a instituição a funcionar, a ter capacidade para repor as viaturas, pagar vencimentos, gerir o edifício, tratar da manutenção, ou seja, criar condições para que exista um corpo de bombeiros. E depois tem o Comando, que é a parte operacional do dia-a-dia.

A nossa parte, mais financeira e de gestão de pessoal, é mais complicada, é quase uma empresa, mas vamos conseguindo.

O Carlos Carvalho já tinha sido presidente em 2019/2020. Desta vez voltou para pegar num mandato que estava a meio. Como foram os últimos meses e o que já conseguiu realizar do seu plano de atividades?

Sim, entrei a meio do mandato, que vai terminar agora no fim deste ano, depois de, quer a Direção quer o Comando se terem demitido. Quando tomámos posse o nosso grande objetivo era repor alguma estabilidade na casa, a gestão do dia-a-dia estava a acontecer, mas o problema era realmente o Comando.

Com as regras que existem atualmente para ser comandante de bombeiros, com os exames e os testes que são necessários fazer, é muito difícil alguém conseguir ser comandante de Bombeiros. Encontrámos o nosso atual comandante, Eduardo Abreu, que se tinha acabado de reformar de comandante nacional da Força Aérea, a residir no Pedrógão, que reunia todas as condições e nós a precisarmos. Juntámos as duas coisas e conseguiu-se. Ele já está no ativo e a correr tudo muito bem. Este era o nosso principal objetivo, encontrar um novo comandante, e achávamos que um ano seria suficiente.

O Comandante Eduardo Abreu está em funções desde o início do verão. Ele já fez alguns pedidos à Direção?

Ele não tem sido muito exigente. Vem com algumas sugestões, algumas propostas para irmos analisando. Há duas situações que ele sente: as viaturas que estão a ficar com alguma idade e são muito, muito caras. Vamos receber agora uma ambulância que foi a Câmara que pagou no princípio do ano, mas não havia para entrega, mas uma viatura de desencarceramento ou de combate a incêndios custa 300.000 euros e não é a Associação que consegue pagar uma viatura destas.

Temos falado sobre as prioridades, mas o que mais o preocupa é o voluntariado, é conseguir garantir aos fins de semana que tem equipas permanentes, e durante a noite, porque cada vez se torna mais difícil ter voluntários, equipas para dar resposta. Está a fazer-se um esforço de reestruturação, para ter uma equipa a dar uma primeira resposta e só depois entrarem os voluntários. Já deixámos de fazer retornos, isto é, ir buscar pessoas ao hospital a meio da noite, e a outra questão é garantir que há motoristas durante o dia, e acabámos de criar uma secção de transportes, que já é uma realidade em muitos dos quartéis de bombeiros. Aqueles motoristas estão afetos só ao transporte, e o Comandante sabe com o que conta.

Por outro lado, os transportes também se podem gerir melhor, recolhendo pessoas ao longo do caminho, e esperamos que traga algumas receitas.

O Comandante não é exigente, ele vai dizendo o que precisa sem exigir nada, com calma.

Relativamente ao funcionamento da Associação, contam com apoio do Município…

Sim, o grande apoio das associações humanitárias são os Municípios, e aquelas que não têm são as que estão com grandes dificuldades. Parte da nossa receita vem do Município, dos transportes e dos serviços hospitalares.

Entretanto, vem aí o aumento dos ordenados mínimos, e nós tentamos estar sempre um pouco acima, há mais algumas despesas necessárias, e estamos a preparar um pedido de reforço do apoio ao Município, para o próximo ano, porque é realmente um apoio importante para nós aquilo que o Município nos atribui, numa casa com cerca de 60 funcionários.

A comunidade costuma colaborar quando os Bombeiros solicitam. E da parte das empresas, sentem retorno?

As empresas grandes são sócias e vão contribuindo com regularidade e com um valor simpático. Há algumas que não são, mas que se calhar poderiam ser, mas que depois nos contratam serviços de formação que pagam, o que acaba por ser um contributo que temos dessas empresas. O habitante sócio não é muito, normalmente só se lembra de ser sócio quando passou por uma dificuldade, e de vez em quando tentamos ir à procura de sócios, mas não é tão fácil.

Programa comemorativo

As celebrações dos 125 anos de existência da Associação Humanitária de Bombeiros Voluntários da Marinha Grande arrancam já este sábado, às 16h, com a celebração de missa solene na Igreja Paroquial.

No domingo, às 9h, decorre o hastear das bandeiras no Quartel, seguido de romagem ao Cemitério. Para as 10h10 está marcada a receção às entidades oficiais, após a qual será realizada a sessão solene e a bênção de uma nova viatura.

As comemorações culminam com a realização de um almoço convívio, logo depois do desfile do Corpo de Bombeiros pelas ruas próximas do quartel.

Assista à entrevista completa em marinhatv.com