Criar hábitos de consumo de cultura desde tenra idade, chegar a todos os públicos, deixar sementes e criar raízes na comunidade local são os principais objetivos da autarquia com o projeto cultural do Teatro Stephens que apresenta “a melhor programação de sempre”

 

O palco do Teatro Stephens foi, literalmente, o espaço escolhido para a apresentação da nova Programação do Teatro Stephens, no âmbito da candidatura à Direção-Geral das Artes, na tarde da última quinta feira, 26 de setembro.

O presidente do Município foi o primeiro a tomar a palavra, para recordar os objetivos da criação do Teatro há mais de 250 anos, pelos irmãos Stephens, de levar a cultura até aos trabalhadores da indústria vidreira, bem como as vicissitudes que passou, como as invasões francesas no início do século XIX, e os pontos altos, em que deu como exemplo a visita da Família Real, até aos dias de hoje.

Segundo Aurélio Ferreira, com a nova programação do Teatro Stephens pretende-se chegar a todos os públicos, levando a comunidade a identificar-se com o projeto e fazendo jus ao objetivo da sua criação.

Assim, e com o objetivo de “incorporar” todos foi criada uma oferta cultural diversificada, que abarca espetáculos, performances, exposições, oficinas, workshops, mentorias, capacitação e residências artísticas, entre outras.

Entre os projetos, destaque para “Casulo”, que promove a ligação às escolas, potenciando a interação com os artistas, “Fábrica”, que prevê a conceção de um pólo de criação artística e pensamento contemporâneo com envolvimento da comunidade; e o “Quarteirão Cultural”, com dinamização de espetáculos fora dos espaços tradicionais, permitindo a fruição do espaço público.

“Queremos ser capazes de entusiasmar e criar hábitos de consumo de cultura”, disponibilizando “uma programação artística e cultural com todos e para todos”, frisou o autarca, que fez questão de mencionar a população imigrante que, nas escolas, é já superior a 20% dos alunos inscritos.

E as apresentações vão para lá das paredes do Teatro Stephens, subindo a outros palcos, indo ao encontro do público, nas escolas, por exemplo, junto das instituições locais, mas também adotando as ruas e a zona envolvente do Património Stephens como sala de espetáculos.

Desde que a candidatura do Município ao concurso da DG Artes para apoiar a programação dos espaços integrados na Rede de Teatros e Cineteatros Portugueses foi aprovada – obteve o 1.º lugar a nível nacional – existe uma equipa, atualmente, de 21 pessoas a trabalhar de forma direta no projeto.

Ana Alves Monteiro, vereadora da Cultura, congratulou-se pelo trabalho realizado nestes primeiros 9 meses de execução da candidatura, de um total de 48, dando conta que esta foi elaborada com “um pensamento estratégico a quatro anos”, sendo os seus resultados esperados a médio/longo prazo, num horizonte de 10 a 15 anos, com reflexo sobretudo nos hábitos de consumo de cultura das crianças e jovens de hoje, adultos de amanhã.

Pela primeira vez, foi apresentada uma agenda cultural para um período de quatro meses, e até ao final do ano estão agendadas cerca de meia centena de atividades culturais, que vão trazer ao concelho novos projetos, mas também nomes sonantes como Paulo de Carvalho.

Para a vereadora Ana Alves Monteiro, esta é “a melhor programação cultural que a Marinha Grande já teve”, sublinhando que do orçamento municipal são destinados 100 mil euros de investimento por ano, sendo que o projeto, com a duração de 4 anos, receberá um total de 400 mil euros da DG Artes. A autarca realçou, no entanto, que o investimento camarário será superior, uma vez que se somam custos com a agenda cultural, equipas, equipamento e obras no espaço físico que não são financiados.

O presidente da Câmara referiu ainda que o projeto vai além do presente ciclo político, desejando que, no final, se deixem projetos autónomos que possam crescer e permanecer de forma independente. “Queremos deixar boas sementes. O foco é deixar raízes para o futuro”, afirmou. “Isto é quase como plantar um pinhal, que leva 70 anos. Se não plantarmos, nunca colhemos”.

Já Ana Monteiro fez votos que em dezembro de 2027, “a candidatura esteja de tal modo consolidada que não volte para trás”, acrescentando que “qualquer decisor que venha e queira arrepiar caminho, que a comunidade não permita”.

A apresentação contou com as presenças de Ana Carvalho, chefe da Divisão de Cultura, Património Cultural e Turismo, e de Carlos Veríssimo, diretor artístico do Teatro Stephens, que atestaram o empenho do executivo no projeto.