Assinalam-se esta sexta feira, dia 11 de março, 34 anos após a elevação da Marinha Grande à categoria de Cidade. Em entrevista ao JMG, o presidente da Câmara Municipal enaltece a ligação com os municípios ‘irmãos’ e dá conta dos desafios com que se debate a governação local. Para Aurélio Ferreira, planear, potenciar sinergias e definir metas são palavras chave

 

A 11 de março de 1988 a Marinha Grande foi elevada à categoria de cidade, bem como outros três territórios. Que balanço faz da geminação com Montemor-o-Novo, Fundão e Vila Real de Santo António?

Ao longo destes 34 anos, os laços entre os quatro territórios e as suas populações foram sendo fortalecidos, através da dinamização de projetos comuns. Esta caminhada tem sido possível devido ao envolvimento dos Municípios, Freguesias, Agrupamentos de Escolas e agentes económicos e culturais dos vários concelhos.

Unidos pela sua elevação a cidade no mesmo dia, os municípios irmãos encurtaram distâncias, facilitaram sinergias, aproximaram pessoas, empresas e instituições, em prol do crescimento mútuo.

O resultado do trabalho realizado até aqui, só me poderia deixar orgulhoso e satisfeito, não obstante querer continuar a fazer sempre mais e melhor, na perspetiva de contribuirmos para o desenvolvimento intermunicipal.

Os municípios irmãos’ têm mantido ligação sobretudo através da Educação com o projeto “À Descoberta das 4 Cidades”. De que forma pensa dinamizar esta relação?

De entre as várias iniciativas dinamizadas pelas quatro cidades irmãs, uma das mais significativas é o Projeto «À Descoberta das 4 Cidades», que envolve as escolas do 1.º ciclo e tem permitido re-descobrir a identidade social e cultural e a diversidade que caracteriza cada concelho.

Os quatro municípios e a comunidade educativa têm alcançado objetivos fundamentais, fazendo e pesquisando sobre a história e a atualidade das aldeias e cidades envolvidas, que só tem sido possível graças à disponibilidade da equipa técnica das Câmaras Municipais, do forte empenho dos professores e Agrupamentos e do coordenador do projeto, a quem manifesto o meu enorme reconhecimento.

Para o Município da Marinha Grande é fundamental continuar a apostar neste projeto e na educação, dada a sua inegável importância para as crianças e professores envolvidos. Para este ano letivo, o desafio é “Constrói a história da tua terra/cidade”, para que, apesar da pandemia, o gosto pela aprendizagem continue a ser o centro da motivação dos jovens.

Há contactos com os outros municípios para projetos na área económica, cultural ou desportiva, por exemplo? Quais?

O Município da Marinha Grande tem estabelecido contacto com os seus congéneres para, sempre que possível, estabelecer parcerias nas mais diversas áreas, sobretudo ao nível económico e educativo.

Para que a Marinha Grande continue a ser conhecida pela sua liderança em termos de atividade económica (indústria, engenharia, comércio e serviços), que associa a Inovação e o Conhecimento à produção de tecnologia de vanguarda, o Município tem um papel preponderante na diplomacia económica, atuando como principal agente facilitador ao desenvolvimento das empresas, independentemente da sua dimensão.

O ensino e a formação profissional são decisivos, para criarmos quadros qualificados, capazes de corresponder às exigências da sociedade atual, daí que também procuremos realizar projetos neste âmbito.

Olhando para os últimos 34 anos, quais são as principais mudanças e acontecimentos ocorridos na Marinha Grande que destaca?

A Marinha Grande beneficiou com a sua elevação a cidade, pelo reconhecimento das suas valências e potencialidades naturais, sociais, culturais e económicas.

A sua evolução tem sido notória, a par da capacidade empreendedora dos seus empresários e demais agentes económicos.

Para o presente e para o futuro, o nosso foco incide em criar condições para quem vive no concelho se sinta feliz, atrair novos moradores, apoiar as empresas já instaladas e proporcionar a fixação de novos investidores, no sentido de criarem emprego qualificado. Queremos contribuir para fazer da nossa terra uma cidade tecnológica no meio da natureza, com melhoria da qualidade de vida de todos.

Enquanto vereador sem pelouros defendeu que o Dia da Cidade” deveria ser comemorado, com a população, na Quinta Feira da Ascensão. Conta concretizar esse desejo já este ano? De que forma?

Entendemos o verdadeiro Dia da Cidade, como sendo aquele que é vivido pelas famílias do concelho, há várias décadas, por ocasião da Quinta-Feira da Ascensão.

É significativo celebrar o aniversário da elevação da Marinha Grande à categoria de cidade, o que muito nos honra enquanto território e que vamos assinalar com um programa específico. Contudo, as famílias guardam memórias e continuam a preservar tradições de convívio no Dia da Espiga. Nesse sentido, estamos a preparar um programa, que será oportunamente divulgado, para comemorar o Dia da Cidade, na Quinta-Feira da Ascensão, aproveitando o feriado municipal. Perspetivamos homenagear munícipes e instituições e dinamizar iniciativas que envolverão os munícipes.

Na sua perspetiva, que desafios enfrentará a Marinha Grande a curto/médio prazo?

Em 2022, temos um trabalho exigente ao nível do planeamento e organização, para delinear estratégias e construir projetos ao nível do desenvolvimento económico, infra-estruturas, cultura, desporto, ação social, educação e juventude, saúde, o comércio e turismo, ambiente e sustentabilidade, só para citar algumas das áreas a intervir. É necessário concluir obras em curso e realizar outras que vão ao encontro das necessidades da população.

Estes desígnios só serão concretizáveis através de uma reorganização interna dos serviços municipais, apostando na valorização dos trabalhadores e agilizando procedimentos, de modo a que o Município seja visto como uma instituição amiga dos cidadãos, das associações e empresas.

O contexto mundial atual, agravado pela invasão da Ucrânia pela Rússia, provoca implicações económicas e sociais em toda a Europa e, até, nos restantes continentes. Nesta conjuntura internacional adversa, temos assistido à escalada dos preços da energia em geral e da eletricidade em particular, da qual não há histórico em Portugal e na Europa e que põe em causa a viabilidade económica de muitas empresas e a estabilidade financeira dos municípios.

Planear, gerir e projetar uma região exige sinergias, definir metas e superar desafios. Esse trabalho só é alcançado com sucesso, através da união de todos os agentes económicos, educativos e sociais, locais, regionais e, muitas vezes, até nacionais e internacionais.