João Lavos, comandante dos Bombeiros Voluntários de Vieira de Leiria, lamenta que os bombeiros, que estão na linha da frente em variadas situações, continuem a ser “postos de lado”. Em entrevista ao JMG, a propósito do 74.º aniversário da corporação, manifestou orgulho pelos operacionais que tem ao serviço e elencou, entre as necessidades, a aquisição de uma viatura urbana de combate a incêndios

 

No seu discurso no aniversário dos Bombeiros Voluntários de Vieira de Leiria do ano passado foi muito crítico relativamente a algumas burocracias, acesso à formação, falta de reconhecimento ao trabalho dos bombeiros e de apoios. O que mudou de lá para cá?

No meu discurso do ano passado, mencionei algumas situações menos agradáveis e mencionei-as como forma de dar a conhecer o desagrado que sinto por quem comanda uma corporação de bombeiros. Se alguma coisa mudou?

Não vejo qualquer mudança nesse sentido, até porque num país em que todos devíamos trabalhar em equipa e em que os bombeiros estão na linha da frente nas mais diversas operações de socorro que diariamente surgem, continuamos a ser um pouco postos de lado, ou melhor dizendo, somos quase os últimos a ser vistos como algo de bom que contribui de forma abnegada e voluntária para garantir a missão que nos está atribuída, quando na realidade, e na minha opinião, deveríamos ser uma parte ativa e reconhecida pelo nosso trabalho.

 

Que dificuldades trouxe à vossa corporação a situação de pandemia que ainda estamos a viver?

A pandemia que neste momento atravessamos e que vivemos desde meados de março do ano de 2020, trouxe bastantes dificuldades. Logo de início tivemos de nos adaptar a este novo vírus e de alguma forma tentar minimizar e reduzir os riscos de contágio que pudessem surgir aquando da realização de serviços ou outro tipo de ocorrências, até porque, durante a época de verão existe um reforço de elementos devido ao Dispositivo de Combate a Incêndios, mas, felizmente até à data tem corrido tudo pelo melhor, denotando-se assim um empenho dos operacionais nos cuidados a ter em conta.

De salientar que mesmo assim, todos os voluntários deste Corpo de Bombeiros sempre se mantiveram prontos para responder a todas as necessidades, mantendo desta forma a operacionalidade que assim é exigida.

Quais são as vossas principais necessidades?

As nossas principais necessidades e acima tudo enquanto Comandante, é garantir o bem-estar de todos operacionais com as melhores condições que se possa oferecer. Depois, e como já falado no aniversário passado, necessitamos urgentemente de um veículo urbano de combate a incêndios, dado o crescimento industrial, habitacional e a evolução que tem havido para fazer face às necessidades que surgem deste tipo de incêndios. Claro que, diariamente vão sempre surgindo as mais diversas necessidades, que caso as fosse relatar, seria uma lista algo extensa, mas tudo será feito juntamente com a Direção, para que se possa ir colmatando as necessidades de menor custo, mas que também muita falta fazem.

Que balanço faz da atividade da vossa Escola de Cadetes e Infantis?

Neste momento o balanço que faço da nossa escola de cadetes e infantes e devido à pandemia, o Comando entendeu suspender as atividades por forma a garantir a segurança deles, no entanto, e neste momento esta escola já dá alguns “frutos”, e já temos alguns elementos provenientes dos cadetes a efetuar a escola de estagiários deste Corpo de Bombeiros. Esperamos voltar em breve com as atividades por forma a dar continuação ao excelente trabalho que todos os que acompanham a escola de cadetes e infantes têm contribuído no seu sucesso.

Que efetivo tem atualmente ao dispor? É suficiente para responder a todas as solicitações?

De momento contamos com 58 operacionais no quadro ativo, sendo que 17 destes elementos fazem parte do grupo de funcionários desta Associação. Neste momento está a ser feita uma gestão dos operacionais, quer sejam os profissionais, quer sejam os voluntários, pelas 24 horas do dia, que em muito tem contribuído para responder a todas as solicitações, mas, ainda estamos um pouco longe daquilo que pretendemos para garantir o número suficiente de operacionais distribuídos em equipas para que assim tenhamos elementos suficientes para responder ao minuto às mais variadas ocorrências que possam surgir.

Enquanto comandante desta corporação, qual é a sua principal preocupação?

A minha maior preocupação prende-se acima de tudo com o que esta pandemia possa afetar nos operacionais, uma vez que é feito um enorme esforço por parte de todos para que tudo corra pelo melhor e assim a população fique salvaguardada pelos seus Bombeiros. Não nos podemos esquecer que os Bombeiros são voluntários e despendem do seu tempo livre, após o seu trabalho para a execução de todas as tarefas inerentes à atividade de Bombeiro.

 

E satisfação?

A minha maior satisfação é sem dúvida o empenho que tem sido demonstrado pelos Bombeiros não só nestes tempos de pandemia, como desde o ano de 2017, que muito tem exigido de nós. Nunca baixaram os braços por mais adversas que fossem as solicitações.

 

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Bombeiros condecorados em cerimónia restrita

Apesar da pandemia e das restrições em vigor, o passado sábado, dia 30 de janeiro, foi de festa para a corporação de bombeiros de Vieira de Leiria que, no seu salão, e numa cerimónia restrita e em cumprimento das regras de higiene e segurança, condecorou os seguintes elementos:

- Medalha Grau Bronze - 5 anos: Bombeiros de 3.ª Shane Pedrosa, Tânia Dinis, Daniela Mendes, Rúben Coelho, Rúben Clemente, Rita Sousa;

- Medalha Grau Ouro - 15 anos: Bombeiro de 1.ª André Pereira;

- Medalhão Voluntariado 30 anos: Bombeiro de 1.ª Sérgio Regueira;

- Medalhão Voluntariado 40 anos: Sub Chefe Raúl Fernandes.