O Vidro, as lendas de São Pedro de Moel, “O Barco” do Rancho Folclórico de Vieira de Leiria, a Arte Xávega e a Procissão da Nossa Senhora dos Navegantes são os cinco elementos do património cultural da Marinha Grande admitidos no âmbito do concurso “7 Maravilhas da Cultura Popular”


Cinco elementos do património cultural do concelho da Marinha Grande foram nomeados pelo conselho científico do concurso das “7 Maravilhas da Cultura Popular”.

Foram candidatados pela autarquia o Vidro, na categoria Artesanato; as lendas de São Pedro de Moel, na categoria Lendas e Mitos; "O Barco" do Rancho Folclórico de Vieira de Leiria, na categoria Músicas e Danças; a Arte Xávega, nos Rituais e Costumes; e a Procissão da Nossa Senhora dos Navegantes, na categoria de Procissões e Romarias.

Em nota de imprensa, a presidente da Câmara congratula-se com a aprovação da candidatura destacando que “a história do nosso concelho remonta a cultura e tradições que marcaram a sua identidade territorial e ditaram o seu desenvolvimento económico e social, até aos nossos dias. A nossa riqueza enquanto povo evidencia-se também pela diversidade do nosso património cultural material e imaterial, que nos distingue dos demais concelhos”.

Cidália Ferreira recorda, a este respeito, a eleição, em setembro de 2011, do Arroz de Marisco da Praia da Vieira como uma das “7 Maravilhas da Gastronomia”, na categoria de marisco.

O concurso visa eleger o património cultural material e imaterial de Portugal, elevando a cultura popular a um patamar de causa pública. O desafio é evidenciar a vivência e reconhecimento desse património e eleger o que de melhor existe, enfatizando as tradições, associadas a uma determinada região do País.

Para já decorre a primeira fase, durante a qual serão selecionados pelo Painel de Especialistas os 21 patrimónios candidatos por Distrito ou Região Autónoma e cuja lista ainda não foi divulgada pelos organizadores do concurso.

«Maravilhas» marinhenses a concurso

Artesanato - Artesanato em Vidro


Tradição e modernidade caraterizam hoje o artesanato em vidro na Marinha Grande. Do ponto de vista técnico, a utilização do maçarico para amolecer e modelar o vidro tem vindo a ser uma prática utilizada por artesãos há décadas na Marinha Grande, para a produção de vários objetos de cariz e expressão popular.

Trata-se de uma técnica milenar, utilizada para a produção de contas de vidro, botões e peças que vão desde figuras antropomórficas e zoomórficas aos objetos de laboratório, e que progressivamente foi apropriada por operários vidreiros e incorporada em pequenas oficinas familiares.

Cerca de 270 anos de manufatura de vidro ininterrupta conferem à Marinha Grande o título e o reconhecimento internacional como a capital portuguesa do vidro.

Lendas e Mitos - Lendas de São Pedro de Moel

O filho do Marquês de Vila Real, D. Miguel Luís de Menezes, e futuro Duque de Caminha cresceu junto ao mar, em S. Pedro de Moel. Aí também se rendeu à beleza da sua esposa, D. Juliana filha dos Condes de Faro. Reza a lenda que um dia o Duque convidou a esposa para dar um passeio. Seguiram de cavalo em direção a Norte, pelo cimo da arriba, parando sobre um pequeno promontório. O Duque tirou da cela uma manta que estendeu no chão e envoltos no silêncio só interrompido pelo som do mar, deram largas ao seu amor.

Músicas e Danças - "O Barco" do Rancho Folclórico de Vieira de Leiria

A coreografia "Pescadores da Praia - O Barco", cantada e dançada pelo Rancho Folclórico Peixeiras da Vieira resulta num quadro etnográfico, que representa a pesca artesanal, designada de arte xávega,e que desde tempos remotos se pratica na Praia da Vieira. Os habitantes aventuravam-se no mar em barcos “Meia Lua” tentando daí tirar o seu provento, providenciando o sustento das famílias.

Era uma vida muito dura, condicionada pelo estado do mar, tantas vezes bravio, e a coragem com que o enfrentavam valeu-lhes a designação de “lobos do mar”.A letra, música e coreografia são da autoria de Raúl Brito Quiaios (já falecido), e foram escritos na década de 40 do século passado. Com acentuado pendor dramático,tal, segundo se diz, advém do facto de se inspirar no Naufrágio do barco da companha de Manuel da Silva Sapateiro denominado "Salsinha". Com efeito, em 15 de novembro de 1907, o Salsinha virou-se a poucos metros da praia, espetando-se de proa e ré na areia, com a companha constituída por 26 homens, quase toda debaixo do barco.

Rituais e Costumes – Arte Xávega

A Praia da Vieira é amplamente reconhecida pela tradição da Arte Xávega, prática determinante para a afirmação da identidade da sua comunidade piscatória e dos usos e costumes das suas gentes.Tratando-se de uma preciosa herança deixada pelos seus antepassados, a comunidade da Praia da Vieira tem lutado e contribuído para que a mesma não se extinga, e personifica com orgulho este vasto património vivo.A xávega é a prática de pesca artesanal de arrasto para terra que se realiza com rede de cerco.

Na Praia da Vieira, grandes embarcações de fundo chato e de proa alta em forma de meia-lua entram mar adentro, deixando o cabo de um dos extremos da rede preso em terra. Depois de deitada a rede ao mar, a umas centenas de metros da costa, os pescadores regressam para terra com o cabo que segura o outro extremo da rede.Com os dois cabos em terra, a rede é puxada atualmente por tratores, até à praia, onde é recolhido o peixe.Porém, o conjunto de práticas que caracterizam a arte xávega na Praia da Vieira não se esgota na atividade piscatória, mas num conjunto de práticas intrinsecamente associadas, que foram incorporadas pela comunidade, e fazem hoje parte do universo da tradição da Arte Xávega da Praia da Vieira.

Procissões e Romarias – Procissão da Nossa Senhora dos Navegantes

Na terceira semana de agosto realiza-se na Praia da Vieiraa tradicional festa religiosa em honra de São Pedro e da Senhora dos Navegantes.O acontecimento inclui a típica procissão do mar, momento único e muito especial para a gente local e para muitos veraneantes e turistas.

A festa da fé que homenageia a gente do mar, traduz um simbolismo muito especial para a população local, que não esquece os trágicos acidentes em que pereceram filhos da terra que infelizmente foram apanhados pela força das águas do mar.