Filipe La Féria e o Teatro Politeama homenagearam, na noite de 1 de abril, na sessão do espetáculo “Revista é sempre Revista”, no âmbito do Dia Mundial do Teatro, os atores Helena Rocha e Joel Branco, afixando uma placa comemorativa com os seus nomes em duas cadeiras da Plateia do emblemático teatro, palco onde os dois artistas tiveram os maiores êxitos das suas vidas no Teatro



Helena Rocha teve grandes interpretações em “Rosa Tatuada”, “Amália”, “My Fair Lady”, “A Flor do Cacto”, “O Violino no Telhado”, “A Gaiola das Loucas”, além de ser uma colaboradora sempre constante de Filipe La Féria como dramaturgista, tradutora e coautora de alguns textos.

A vereadora na Câmara da Marinha Grande Ana Alves Monteiro esteve presente no evento, acompanhando este momento importante e inesquecível para o teatro e para a Marinha Grande: “Helena Rocha teve um percurso notável no teatro, conciliava a sua vida docente, de mãe e mulher com viagens diárias para Lisboa, corrigia testes nos intervalos dos ensaios, escrevia e interpretava peças, cantava, tudo isto por amor ao palco. Levou o nome da Marinha Grande aos grandes palcos”.

Helena Rocha, visivelmente emocionada, afirmou que não se sentia “merecedora de qualquer tipo de homenagem”, a não ser pelo facto de ter nascido “com o teatro dentro de mim. Não sei explicar o que é isto. Eu nasci com três coisas dentro de mim: o teatro, a música e a poesia. Eu não queria mais nada da vida. Para mim, a felicidade era o teatro, a poesia e a música e, felizmente, fui incentivada a concluir um curso que me desse possibilidade de trabalhar e de ganhar dinheiro”.

Helena Rocha recordou que quando ia ao teatro “tocava no braço da minha mãe e dizia: “qualquer dia vocês estão aqui na plateia e eu estou lá em cima” e a minha mãe dizia – “Ó filha, por amor de Deus, tem juízo, tu tens que estudar, tu vais tirar um curso. Mas o que é isto? Vais para cima de um palco? Então, como vai ser a tua vida? O teu futuro?”... e eu calava-me, não dizia nada, mas eu sabia que era para aquilo que eu tinha nascido”.

Como prometeu tirar o curso, “fiz a vontade aos meus pais, mas ao mesmo tempo eu cantei pelo mundo inteiro, eu fiz teatro por tudo quanto era sítio e não fui a mais sítios porque isso ia prejudicar os meus estudos e eu não queria que isso acontecesse”.

A artista marinhense recordou com saudade a época da sua vida em que “estudava, fazia teatro, cantava, fazia espetáculos e fiz muita televisão na RTP. E estava sempre naquela luta, porque eu fiz uma licenciatura de cinco anos, mas fi-la em sete. Eu disse aos meus pais: prometo que tiro o curso, mas vocês por favor deixem-me ser feliz, porque é em cima do palco que eu sou feliz”.

Helena Rocha, a terminar, questionou: “que posso dizer-vos depois de uma vida já longa? Depois de ter passado muito, passei por três guerras, passei por muita coisa, sofri, trabalhei, chorei muita lágrima, lutei muito, abdiquei de muita coisa, para que chegasse este dia, em que eu tenho aqui o maior encenador português a dizer a toda a gente, a agradecer-me a mim, mas agradecer o quê? A ser feliz? Não tem porque agradecer, eu estou aqui porque sou feliz, estou aqui porque sou feliz, graças a ele. Mas se não tivesse sido ele, eu estaria em casa a fazer croché. Muito obrigada a todos, ao público, à minha família: valeu a pena, porque fizeram de mim uma mulher feliz”.