Aumentar a recolha e, consequentemente, a reciclagem de vidro e facilitar o acesso aos ecopontos pelos estabelecimentos Horeca são os principais objetivos do projeto piloto “Marinha +Vidro!”, que acaba de ser implementado no concelho

 

A meta é clara: nos primeiros seis meses de implementação do projeto no concelho da Marinha Grande o objetivo é aumentar em 5% o volume de embalagens de vidro enviadas para o ecoponto através do canal Horeca, designadamente estabelecimentos hoteleiros, de restauração e cafetarias, que adiram ao projeto.

O Museu do Vidro foi o local escolhido para a apresentação do “Marinha +Vidro!”, na manhã de 5 de junho, dia mundial do ambiente, na presença dos promotores e de alguns dos parceiros.

Na ocasião, o presidente do Município, manifestou o seu “enorme prazer” em poder assinalar a efeméride com um projeto desta natureza, e que decorre em parceria com a Valorlis, e o apoio da plataforma Vidro+ e da Associação Comercial e Industrial da Marinha Grande (ACIMG). Para Aurélio Ferreira, este é um “passo significativo” na promoção da circularidade na Marinha Grande no que concerne à recolha seletiva de resíduos de vidro, facilitando o acesso aos ecopontos pelos estabelecimentos Horeca aderentes, mas não só, e aumentando a reciclagem deste material, realçando a “vantagem ambiental e também económica” que daí poderá advir.

O autarca manifestou a sua “forte convicção” de que em conjunto será possível caminhar no sentido de alcançar os objetivos de recolha de vidro estipulados a nível nacional, de 75% em 2030 (atualmente é de 56%), fazendo votos que “daqui a seis meses possamos concluir que valeu a pena”.

“Vidrados na reciclagem”

Coube a Beatriz Freitas, secretária-geral da AIVE – Associação dos Industriais de Vidro de Embalagem, apresentar o projeto, mostrando-se certa do sucesso que a parceria com o Município alcançará e fazendo votos que “outros municípios aprendam com a Marinha Grande e implementem um projeto parecido com este e adaptado à sua realidade”. Segundo a responsável, Portugal é o maior produtor, per capita, de embalagens de vidro da Europa, afirmando que atualmente cerca de 50% é vidro reciclado.

A secretária-geral da AIVE, cujos associados representam a totalidade dos produtores de vidro de embalagem do país, frisou que todo o casco de vidro pode ser usado para fabricar novas embalagens, considerando que “o processo de fabrico de embalagens de vidro é um exemplo real da economia circular”. De acordo com Beatriz Freitas, apesar do consumo de vidro ter aumentado isso não se refletiu no aumento da taxa de reciclagem, pelo que a AIVE resolveu avançar com a plataforma Vidro+ para “criar um compromisso entre os diferentes agentes da cadeia de valor do vidro de embalagem”, acrescentando que, na Europa, Portugal foi o primeiro país a criar uma plataforma colaborativa com este conceito. A responsável sublinhou que a reciclagem do vidro permite reduzir a utlização de matérias-primas originais, o consumo energético e as emissões de dióxido de carbono, fixando como “objetivo ambicioso” a recolha de 90% das embalagens de vidro colocadas no mercado até 2030.

Seguiu-se a intervenção de Marta Guerreiro, administradora delegada da Valorlis, para quem “tem de se dar um salto muito grande para cumprir as metas a que o país está vinculado”. Para a responsável, que aludiu ao facto de a Marinha Grande ser a «capital do vidro», “estamos no Município onde há mais empenho em que o envio de vidro para reciclagem seja uma missão”, afirmando que “a Marinha Grande tem de estar acima da média por uma questão de princípio” e que possa ser “uma referência” não só na produção como também no envio de vidro para reciclagem. Marta Guerreiro considerou que é necessário “sensibilizar e responsabilizar” as pessoas pelo aumento dos números da reciclagem, mas que também se deve facilitar o processo, razão pela qual vão ser disponibilizados 10 novos contentores de grande dimensão com sensor de enchimento, e distribuídos 60 contentores de 120 litros para os espaços aderentes, para permitir “recolhas dinâmicas ajustadas às necessidades”.

A responsável explicou que já foi feito um levantamento prévio dos espaços Horeca existentes no centro da cidade, nas praias e na Freguesia de Vieira de Leiria, que haverá informação específica para os estabelecimentos, que será dada formação e atribuído um selo de aderente.

Segundo Marta Guerreiro, o projeto piloto que tem como slogan “Na Marinha Grande somos vidrados na reciclagem”, arrancou no dia 5 de junho e deverá estar no terreno no próximo mês. Haverá monitorização dos resultados, pretendendo-se que, daqui a seis meses, se verifique um aumento de 5% nas embalagens de vidro recolhidas. É preciso “colocar no ADN a reciclagem do vidro”, disse ainda a responsável.

Pela ACIMG, o presidente da Direção, Eduardo Carvalho, considerou o projeto “bastante importante”, dando conta da disponibilidade da instituição para apoiar no levantamento dos espaços interessados em aderir. Deu conta de um inquérito realizado junto dos associados, tendo sido identificada, em determinadas épocas, insuficiência na recolha de vidro, a par do pouco espaço para armazenamento do vidro quando os ecopontos estão cheios, o que pode levar à colocação do vidro noutros contentores que não os adequados. Considerou “fantástica” a ideia de os contentores serem monitorizados em tempo real e desejou que o número de contentores a distribuir pudesse ser superior.